Fonte: Terra. |
"Tuas cogitações, murmura a multidão,
O ano reduzirão a melhor curso? Não.
Um aviso somente o calendário deu:
– O ontem já se extinguiu e o amanhã não
nasceu."
Omar Khayyam, Rubaiyat (LVII)
Nas vizinhanças do solstício de inverno deste ano, presenciamos um grande êxtase político no Brasil. Até o Sol parou para ver. E o Sol não vai se pôr até ver o que vai nascer.
Presenciamos liberdade, euforia, intensidade,
rebeldia e destruição. Muita excitação, muita informação, muito nervosismo e muita
esperança – O Caos! Mas lembramos que o caos sempre tem uma nova mensagem, uma
nova ordem a ser revelada.
Jovens roubaram o combustível dos
governantes. Tomaram de assalto a iniciativa e a capacidade de reação dos dirigentes
do país. Os jovens deram um salto, ou quase um voo, por cima das limitações que
a atual estrutura política oferece. É um instante de êxtase! Resta saber: o que
uma experiência de êxtase revela?
Ser jovem é um grande diferencial neste
momento. O jovem ainda enfrenta uma busca por seu destino, por aquilo que deve
ser, por ter cara própria. Não tem o menor problema que seja uma busca ainda inconsciente,
uma tentativa de encontrar algo mesmo sem saber ao certo o que procura.
Uma tempestade, por mais repentina e forte
que seja, zela por uma lei superior que frequentemente não é possível enxergar.
O vento robusto sopra a serviço de uma ordem mais ampla, mais abrangente, mais
inclusiva.
Não são os resultados imediatos o que
mais interessa. É o fogo! É a chama acesa o que importa. Os jovens roubaram o
fogo dos governantes e agora devem distribui-lo.
O que esta experiência de êxtase revelou? Será que agora cada um pode compreender o seu
dever? Agora sabem os jovens o que devem ser na vida pública? Como devem
brilhar, como devem se divertir e como devem ser responsáveis pela comunidade
em que vivem?
Uma nova chama foi roubada por um vento
forte e tempestuoso. Até o Sol parou para ver. E o Sol não vai se pôr até ver o
que vai nascer.
Alisson Batista
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