domingo, 20 de julho de 2014

AS PINÇAS DO SIGNO DE CÂNCER (II)



O planeta-símbolo associado ao signo de Câncer é a Lua. Popularmente se diz que é o regente do signo. É lá onde a Lua – e o que a Lua representa – se encontra em domicílio, onde está mais à vontade, mais plena, enfim, em casa.

Agora, seguiremos para o muito que é possível compreender da casa observando o morador.

O símbolo Lunar

Suas duas características mais fundamentais derivam, de um lado, de a Lua ser privada de luz própria e não passar de um reflexo do Sol; de outro lado, de a Lua atravessar fases diferentes e mudança de forma. É por isso que ela simboliza a dependência e o princípio feminino (salvo exceção), assim como a periodicidade e a renovação. Nessa dupla qualificação, ela é símbolo de transformação e de crescimento.

A Lua é um símbolo dos ritmos biológicos. Ela é o instrumento de medida universal. O mesmo simbolismo liga entre si a Lua, as Águas, a Chuva, a fecundidade das mulheres, a dos animais, a vegetação, o destino do homem depois da morte e as cerimônias de iniciação.

As sínteses mentais tornadas possíveis pela revelação do ritmo lunar colocam em correspondência e unem realidades heterogêneas; suas simetrias de estruturas ou suas analogias de funcionamento não poderiam ter sido descobertas se o homem primitivo não tivesse intuitivamente percebido a lei de variação periódica do astro.

Durante três noites, em cada mês lunar, ela está como morta, ela desapareceu... Depois reaparece e cresce em brilho. Da mesma forma, considera-se que os mortos adquirem uma nova modalidade de existência. A Lua é para o homem o símbolo desta passagem da vida à morte e da morte à vida.

Passiva e produtora da água, ela é fonte e símbolo de fecundidade. Ligada às águas primordiais de onde procede a manifestação. É o receptáculo dos germes do renascimento cíclico, a taça que contém a bebida da imortalidade: por isso é chamada soma, como essa bebida.

A Lua é, ao mesmo tempo, porta do Céu e porta do Inferno, Diana e Hécate. Diana seria o aspecto favorável, Hécate o aspecto temível da Lua.

A Lua, cujo disco aparente é do mesmo tamanho do Sol, tem na astrologia um papel especialmente importante. Simboliza o princípio passivo, mas fecundo, a noite, a umidade, o subconsciente, a imaginação, o psiquismo, o sonho, a receptividade, a mulher e tudo que é instável, transitório e influenciável, por analogia com seu papel de refletor da luz solar.

A Lua faz a volta no Zodíaco em 28 dias, e muitos historiadores pensam que o Zodíaco lunar das 28 moradas é mais antigo que o Zodíaco solar dos 12 signos; o que explica a importância da Lua em todas as religiões e tradições.

Representação da Hidra em vaso. Fonte: Theoi Greek Mythology.

Fonte de inumeráveis mitos, lendas e cultos que dão às deusas a sua imagem (Ísis, Istar, Artêmis ou Diana, Hécate...), a Lua é um símbolo cósmico de todas as épocas, desde os tempos imemoriais até nossos dias, generalizado em todos os horizontes.

Na mitologia, folclore, contos populares e poesia, este símbolo diz respeito à divindade da mulher e à força fecundadora da vida, encarnadas nas divindades da fecundidade vegetal e animal, fundidas no culto da Grande Mãe (Mater magna). Essa corrente eterna e universal se prolonga no simbolismo astrológico, que associa ao astro das noites a presença da influência materna no indivíduo, enquanto mãe-alimento, mãe-calor, mãe-carinho, mãe-universo afetivo.

Para o astrólogo, a Lua fala, no interior da constelação de nascimento do indivíduo, da parte da alma animal, representada nessa região em que domina a vida infantil, arcaica, vegetativa, artística e anímica da psique. A zona lunar da personalidade é esta zona noturna, inconsciente, crepuscular de nossos tropismos, de nossos impulsos instintivos. É a parte do primitivo que dormita em nós, vivaz ainda no sono, nos sonhos, nas fantasias, na imaginação, e que modela nossa sensibilidade profunda. É a sensibilidade do ser íntimo entregue ao encantamento silencioso de seu jardim secreto, impalpável canção da alma, refugiado no paraíso de sua infância, voltado sobre si mesmo, encolhido num sono da vida – senão entregue à embriaguez do instinto, abandonado ao transe de um arrepio vital que arrebata sua alma caprichosa, vagabunda, boêmia, fantasiosa, quimérica, ao sabor da aventura...

As almas, sob forma de gotas de três cores diferentes, correspondendo talvez a três graus de espiritualização, sobem então para a Lua, e, se os cães procuram assustá-las, é para que não ultrapassem os limites proibidos, onde a imaginação se perderia. O mundo dos reflexos e das aparências não é o da realidade. O caranguejo está só, nas águas azuis inundadas de claridade lunar; evoca o signo astrológico de Câncer, que é tradicionalmente o domicílio da Lua e favorece a introspecção, o exame de consciência. Como o escaravelho egípcio, devora o que é transitório e participa na regeneração moral.

Dicionário de Símbolos, C. & G.

Alisson Batista


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