O planeta-símbolo associado ao signo de Câncer é a Lua. Popularmente se diz que é o regente do signo. É lá onde a Lua – e o que a Lua representa – se encontra em domicílio, onde está mais à vontade, mais plena, enfim, em casa.
Agora,
seguiremos para o muito que é possível compreender da casa observando o
morador.
O símbolo
Lunar
Suas duas características mais fundamentais derivam,
de um lado, de a Lua ser privada de luz própria e não passar de um reflexo do
Sol; de outro lado, de a Lua atravessar fases diferentes e mudança de forma. É
por isso que ela simboliza a dependência e o princípio feminino (salvo
exceção), assim como a periodicidade e a renovação. Nessa dupla qualificação,
ela é símbolo de transformação e de crescimento.
A Lua é um símbolo dos ritmos biológicos. Ela é o
instrumento de medida universal. O mesmo simbolismo liga entre si a Lua, as
Águas, a Chuva, a fecundidade das mulheres, a dos animais, a vegetação, o
destino do homem depois da morte e as cerimônias de iniciação.
As sínteses mentais tornadas possíveis pela revelação
do ritmo lunar colocam em correspondência e unem realidades heterogêneas; suas
simetrias de estruturas ou suas analogias de funcionamento não poderiam ter
sido descobertas se o homem primitivo não tivesse intuitivamente percebido a
lei de variação periódica do astro.
Durante três noites, em cada mês lunar, ela está como
morta, ela desapareceu... Depois reaparece e cresce em brilho. Da mesma forma,
considera-se que os mortos adquirem uma nova modalidade de existência. A Lua é
para o homem o símbolo desta passagem da vida à morte e da morte à vida.
Passiva e produtora da água, ela é fonte e símbolo de
fecundidade. Ligada às águas primordiais de onde procede a manifestação. É o
receptáculo dos germes do renascimento cíclico, a taça que contém a bebida da
imortalidade: por isso é chamada soma, como essa bebida.
A Lua é, ao mesmo tempo, porta do Céu e porta do
Inferno, Diana e Hécate. Diana seria o aspecto favorável, Hécate o aspecto
temível da Lua.
A Lua, cujo disco aparente é do mesmo tamanho do Sol,
tem na astrologia um papel especialmente importante. Simboliza o princípio
passivo, mas fecundo, a noite, a umidade, o subconsciente, a imaginação, o
psiquismo, o sonho, a receptividade, a mulher e tudo que é instável,
transitório e influenciável, por analogia com seu papel de refletor da luz
solar.
A Lua faz a volta no Zodíaco em 28 dias, e muitos
historiadores pensam que o Zodíaco lunar das 28 moradas é mais antigo que o
Zodíaco solar dos 12 signos; o que explica a importância da Lua em todas as
religiões e tradições.
Representação da Hidra em vaso. Fonte: Theoi Greek Mythology. |
Fonte de inumeráveis mitos, lendas e cultos que dão
às deusas a sua imagem (Ísis, Istar, Artêmis ou Diana, Hécate...), a Lua é um
símbolo cósmico de todas as épocas, desde os tempos imemoriais até nossos dias,
generalizado em todos os horizontes.
Na mitologia, folclore, contos populares e poesia,
este símbolo diz respeito à divindade da mulher e à força fecundadora da vida,
encarnadas nas divindades da fecundidade vegetal e animal, fundidas no culto da
Grande Mãe (Mater magna). Essa corrente eterna e universal se prolonga no
simbolismo astrológico, que associa ao astro das noites a presença da
influência materna no indivíduo, enquanto mãe-alimento, mãe-calor, mãe-carinho,
mãe-universo afetivo.
Para o astrólogo, a Lua fala, no interior da
constelação de nascimento do indivíduo, da parte da alma animal, representada
nessa região em que domina a vida infantil, arcaica, vegetativa, artística e
anímica da psique. A zona lunar da personalidade é esta zona noturna,
inconsciente, crepuscular de nossos tropismos, de nossos impulsos instintivos.
É a parte do primitivo que dormita em nós, vivaz ainda no sono, nos sonhos, nas
fantasias, na imaginação, e que modela nossa sensibilidade profunda. É a
sensibilidade do ser íntimo entregue ao encantamento silencioso de seu jardim
secreto, impalpável canção da alma, refugiado no paraíso de sua infância,
voltado sobre si mesmo, encolhido num sono da vida – senão entregue à
embriaguez do instinto, abandonado ao transe de um arrepio vital que arrebata
sua alma caprichosa, vagabunda, boêmia, fantasiosa, quimérica, ao sabor da
aventura...
As almas, sob forma de gotas de três cores
diferentes, correspondendo talvez a três graus de espiritualização, sobem então
para a Lua, e, se os cães procuram assustá-las, é para que não ultrapassem os
limites proibidos, onde a imaginação se perderia. O mundo dos reflexos e das
aparências não é o da realidade. O caranguejo está só, nas águas azuis
inundadas de claridade lunar; evoca o signo astrológico de Câncer, que é
tradicionalmente o domicílio da Lua e favorece a introspecção, o exame de
consciência. Como o escaravelho egípcio, devora o que é transitório e participa
na regeneração moral.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Alisson
Batista
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