Apolo e a carruagem de ouro. Fonte: TRC. |
A MITOLOGIA
Febo Apolo
Ao surgir durante a noite, na Ilíada, Febo Apolo,
deus do arco de prata (canto I), brilha como a Lua. Será preciso levar em conta
a evolução dos espíritos e a interpretação dos mitos para que se possa
reconhecer nele, muito mais tarde, o deus solar, o deus de luz, e para entender
que seu arco e suas flechas sejam comparados ao Sol com seus raios.
Originalmente talvez se relacionasse mais à simbólica lunar. Apresenta-se no
canto I como um deus vingador de flechas mortíferas.
De início, revela-se sob o signo da violência e de um
orgulho desvairado. Mas, ao reunirem-se elementos diversos de origem nórdica,
asiática e do mar Egeu, esse personagem divino torna-se cada vez mais complexo,
sintetizando em si inúmeras oposições que consegue dominar, terminando por
encarnar o ideal de sabedoria que define grego. Realiza o equilíbrio e a
harmonia dos desejos, não pela supressão das pulsões humanas, mas por
orientá-las no sentido de uma espiritualização progressiva que se processa
graças ao desenvolvimento da consciência.
Na literatura, conferem-lhe mais de duzentos
atributos que o fazem surgir, sucessivamente, como um deus-rato primitivo dos
cultos agrários; como um guerreiro irascível e vingativo; como um senhor das
feras e, ao mesmo tempo, pastor compassivo que protege os rebanhos e as
colheitas; como um benfeitor dos homens, tendo o poder de curá-los e
purificá-los, aquele que engendrará Asclépio (Esculápio); Profeta de Zeus, cria
em Delfos a mântica de inspiração. Inspira não apenas os profetas, mas também
os poetas e artistas; torna-se o deus solar que cruza os céus numa carruagem
resplandecente. Em Roma, não é assimilado por nenhum outro deus: só ele
consegue, entre os deuses estrangeiros adotados pela cidade e pelo império,
permanecer sempre intacto, único, incomparável.
Certas curiosas aproximações de palavras, que a
etimologia científica tem razão de considerar suspeitas são, no entanto,
significativas na história do sentimento religioso. Fez-se a aproximação, por
exemplo, no nome ático de Apolo com sua variante dórica, evocativa do vocábulo
“apella” – curral de carneiros. Fácil é conceber-se que um tal deus possa ter
sido honrado pelos primeiros gregos que foram esses nômades pastoreando seus
rebanhos. Mas o notável é que esse deus pastor, que fazia reinar a ordem nos
currais de carneiros, se tenha transformado no deus que reina sobre as
assembleias dos homens por sua eloquência e sua sabedoria.
Platão enuncia: cabe a Apolo, o Deus de Delfos, ditar
as mais importantes, as mais belas, as leis primordiais [...] pois esse deus,
intérprete tradicional da religião, estabeleceu-se no centro e no umbigo da
terra para guiar o gênero humano.
Apolo é o símbolo da vitória sobre a violência, do
autodomínio no entusiasmo, da aliança entre a paixão e a razão. Sua sabedoria é
o fruto de uma conquista, e não uma herança. Todas as potências da vida nele se
conjugam a fim de incitá-lo a não encontrar seu equilíbrio senão nos pináculos,
e para conduzi-lo da entrada da caverna imensa (Ésquilo) aos cimos dos céus
(Plutarco). Apolo simboliza a suprema espiritualização; é um dos mais belos
símbolos da ascensão humana.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Apolo Febo. Fonte: Blog Numância. |
Apolo,
Apolo
Filho de Zeus e de Letó e irmão gêmeo de Ártemis.
Amada por Zeus, que a fecundou, Letó, após a perseguição implacável da ciumenta
Hera por toda a terra, deu à luz Apolo e Ártemis na ilha até então flutuante
chamada Ortígia (o único lugar que a acolheu), que logo após o nascimento de
Apolo se fixou no fundo do mar e passou a ser chamada de Delos (“brilhante”).
Apolo era representado como um jovem de estatura
elevada e dotado de uma beleza serena, e teve numerosos amores. Era o patrono
da profecia, da arte de usar o arco e a flecha, da juventude e da medicina,
sendo também o deus da claridade e aparecendo às vezes como a divindade
protetora dos rebanhos.
No monte Parnasso, onde presidia as atividades das
Musas, ele era o deus da poesia e da música (principalmente a lira). Inspirador
dos adivinhos, seus oráculos, sempre obscuros e ambíguos, geralmente eram em
versos; Apolo inspirava também os poetas, partilhando esta última função com as
Musas, porém o caráter de sua inspiração era mais sereno.
Seu culto em Delfos influenciou fortemente a formação
do espírito grego. Na mitologia romana o culto de Apolo apareceu cedo (seu
primeiro templo foi erigido em Roma no século V a.C.), provavelmente por
influência das cidades gregas fundadas no sul da Itália e na Sicília, e há
notícias de contatos antigos dos romanos com o oráculo de Delfos.
Inicialmente ele era tido em Roma como o deus da
medicina, mas tornou-se logo conhecido como o deus da profecia e dos oráculos e
como o patrono da poesia e da música, tendo portanto atributos idênticos aos do
mesmo deus na Grécia.
Hélios
O Sol, divindade pertencente à geração dos Titãs,
anterior aos deuses olímpicos. Descendente de Urano e de Gaia, Hélios era filho
do titã Hiperíon e da titanide Téia, e irmão de Eós (a Aurora) e de Selene (a
Lua).
Hélios tinha em volta da cabeça raios de luz em vez
de cabelos, e percorria o céu num carro de fogo puxado por cavalos velocíssimos
chamados Aêton, Éoo, Flêgon e Piroís, cujos nomes se relacionam com a luz e as
chamas.
A cada manhã, em seguida à passagem do carro de Eós
(a Aurora), Hélios iniciava sua viagem pelo meio do céu partindo do território
dos indianos. Depois de percorrer o céu durante todo o dia ele chegava na hora
do crepúsculo ao rio Oceano, onde seus corcéis exaustos banhavam-se para
recuperar as forças. Hélios repousava num palácio de ouro para recomeçar na
manhã seguinte a sua eterna viagem diurna, cuja regularidade foi interrompida
apenas pela aventura desastrosa de Faêton.
Hélios era tido como o olho que vigiava o mundo e
tudo via, mas seus poderes limitavam-se à função de iluminar a terra.
Dicionário de Mitologia Grega e Romana, M. da G. K.
Alisson
Batista
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