Eclipse solar. Fonte: The Sacramento Bee. |
O
SÍMBOLO DO SOL
O
simbolismo do Sol é tão diversificado quanto é rica de contradições a realidade
solar. Se não é o próprio deus, é, para muitos povos, uma manifestação da
divindade (epifania uraniana). O Sol também é considerado “fecundador”. Mas também pode queimar e matar.
O Sol
imortal nasce toda manhã e se põe toda noite no reino dos mortos; portanto,
pode levar com ele os homens e, ao se pôr, dar-lhes a morte; mas, ao mesmo
tempo, pode guiar as almas pelas regiões infernais e trazê-las de volta à luz
no dia seguinte. Função ambivalente de psicopompo assassino e de hierofante
iniciático...
O Sol é a
fonte da luz, do calor, da vida. Seus raios representam as influências celestes
– ou espirituais – recebidas pela Terra.
Além de
vivificar, o brilho do Sol manifesta as coisas, não só por torná-las
perceptíveis, mas por representar a extensão do ponto principal, por medir o
espaço. Os raios solares são, tradicionalmente, sete, correspondendo às seis
dimensões do espaço e à dimensão extracósmica, representada pelo próprio
centro. Sob outro aspecto, é verdade, o Sol é também destruidor, o princípio da
seca, à qual se opõe a chuva fecundadora. A alternância vida-morte-renascimento
é simbolizada pelo ciclo solar: diário, anual. O Sol aparece, então, como um
símbolo de ressurreição e de imortalidade.
O Sol está
no centro do céu como o coração no centro do ser. Como coração do mundo, o Sol
é às vezes representado no centro da roda do Zodíaco. Se a luz irradiada pelo
Sol é o conhecimento intelectivo, o próprio Sol é a Inteligência cósmica, assim
como o coração é, no ser, a sede da faculdade do conhecimento.
Analogamente,
o Sol é um símbolo universal do rei, coração do império. O princípio solar é
representado por um grande número de flores e de animais – crisântemo, lótus,
girassol, águias, veado, leão, etc. –, e por um metal, o ouro, alquimicamente
designado como o sol dos metais.
Em
astrologia, o Sol é símbolo de vida, calor, dia, luz, autoridade, sexo
masculino e de tudo o que brilha. Se parece ser reduzido pelos astrólogos ao
papel de um simples planeta, comparável a um Marte ou a um Júpiter, é
principalmente porque a sua influência é, por assim dizer, dividida em dois
campos bem distintos: influência direta – sua posição no céu; e indireta – sua
posição no Zodíaco. Com efeito, toda a influência dos signos do Zodíaco é de
existência solar; é, na realidade, a influência do Sol, refletida ou polarizada
pela órbita terrestre.
Enquanto
símbolo cósmico, o Sol ocupa a posição de uma verdadeira religião astral, cujo
culto domina as grandes civilizações antigas, com as figuras dos deuses-heróis
gigantes, encarnações das forças criadoras e da fonte vital de luz e de calor
que o astro representa (Atum, Osíris, Baal, Mitra, Hélio, Apolo, etc.).
Entre os
povos de mitologia astral assim como nos desenhos infantis e nos sonhos, o Sol
é símbolo de pai. Para a astrologia, igualmente, o Sol sempre foi o símbolo do
princípio gerador masculino e do princípio de autoridade, do qual o pai é, para
o indivíduo, a primeira encarnação. Também é símbolo da região do psiquismo
instaurado pela influência paterna no papel de instrução, educação,
consciência, disciplina, moral. Sua gama de valores estende-se do superego
negativo, que esmaga o ser com proibições, princípios, regras ou preconceitos,
ao ideal do ego positivo, imagem superior de si mesmo, cuja grandeza procuramos
alcançar.
Portanto, o
astro do dia situa o ser na sua vida policiada ou sublimada, representa o rosto
que a personalidade apresenta nas suas mais elevadas sínteses psíquicas, no
nível das suas maiores exigências, das suas mais elevadas aspirações, da sua
mais forte individualização, ou no malogro feito de orgulho ou de delírio de
poder. Representa, igualmente, esse ser nas suas funções realizadoras de marido
e de pai; no sucesso vivido como engrandecimento do valor pessoal; e, no caso
de êxito, numa encarnação de autoridade e de poder que o relaciona com a
solarização suprema do guia, do chefe, do herói, do soberano.
Segundo a
interpretação de Paul Diel, o Sol iluminador e o céu iluminado simbolizam o
intelecto e o superconsciente; nas palavras do autor, o intelecto corresponde à
consciência e o espírito ao superconsciente. É assim que o sol e a sua
irradiação, antigos símbolos de fecundação, tornam-se símbolos de iluminação.
Essa chave permite renovar, à luz da análise, toda a interpretação dos mitos
que mostram heróis e deuses solares em ação.
O sol negro
é o Sol em sua trajetória noturna, quando deixa este mundo para iluminar o
outro mundo. Aos olhos dos alquimistas, o sol negro é a matéria-prima, não
trabalhada, ainda não colocada a caminho de uma evolução. Para o analista, o
sol negro será o inconsciente, também no seu estado mais elementar. De acordo
com as tradições, o sol negro é uma
pré-representação do desencadeamento das forças destrutivas no universo,
numa sociedade ou num indivíduo. É o prenúncio da catástrofe, do sofrimento e
da morte, a imagem invertida do Sol no seu zênite. Daí o sentido nefasto dos
eclipses.
O
simbolismo do Sol é tão diversificado quanto é rica de contradições a realidade
solar. O Sol é considerado “fecundador”.
Mas também pode queimar e matar.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Alisson Batista
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