sábado, 20 de setembro de 2014

A TÉCNICA DO SIGNO DE VIRGEM I


A constelação de Virgem. Fonte: Mexican Skies.

Segue a série de resumos e fragmentos de mitos, símbolos, imagens e palavras, todos com o intuito de promover a atmosfera ou o perfume de cada uma das doze estações que completam o ciclo zodiacal.

Está na vez do signo de Virgem, que encerra a sua participação em 22 de setembro, na próxima segunda-feira.

Seguindo o rito, em primeiro lugar, veremos algo sobre o que o signo de Virgem simboliza,  algo sobre a virgindade e as Virgens, mas também algo sobre o símbolo da espiga – associado ao signo de Virgem.

Mais adiante, falaremos sobre as figuras femininas associadas ao signo – Deméter, Ceres e Ísis; e sobre a cor azul da Virgem. O planeta Mercúrio voltará do signo de Gêmeos para reger também o signo de Virgem e, por fim, uma abordagem mais filosófica sobre o período solar que já está por terminar.

Mais uma vez, espero que gostem.


Virgem como um símbolo

Sexto signo do Zodíaco que se situa antes do equinócio de outono. Símbolo de colheita, de trabalho, de destreza manual, de minúcia; é o segundo signo de Mercúrio que, neste caso, atua de um modo mais baixo, mais terrestre e prático do que no signo de Gêmeos, que corresponde ao aspecto aéreo do mensageiro dos deuses.

Com Virgem, estamos no final do ciclo anual do elemento Terra; antes da terra fria de Capricórnio, a das semeaduras de inverno; depois da terra rica, úmida e quente de Touro, coberta da vegetação verde e perfumada da primavera. Aqui, apresenta-se uma terra ressecada pelo sol estival, de virtudes nutritivas esgotadas, sobre a qual a espiga ceifada espera que o grão se solte do seu invólucro.

O ciclo vegetal se completa numa nova terra, virgem, destinada a receber a semente mais tarde. Daí vem a representação do signo por uma jovem, virgem alada que segura uma espiga ou um molho de trigo. Mercúrio é o planeta que a rege: na época da colheita e do enceleiramento, em que o resultado é pesado e calculado, estamos, de fato, num mundo que se diferencia, se particulariza, se seleciona, se restringe, se reduz, se despoja, determina para si limites precisos.

Trata-se de uma disposição geral de reter, controlar, dominar-se, disciplinar-se; de uma tendência à economia, à parcimônia, ao acúmulo, à conservação, à temporização; de um caráter sério, consciencioso, escrupuloso, reservado, cético, metódico, ordenado, ligado aos princípios, às regras, às recomendações, sóbrio, cioso do senso cívico e da respeitabilidade, trabalhador, voltado para as coisas difíceis, laboriosas, ingratas ou penosas, visando sobretudo a satisfazer um sentimento de segurança...

No Egito, era o signo de Ísis. Tem relação com o fogo e a água, simultaneamente, e simboliza a consciência emergindo da confusão, assim como o nascimento de espírito.


A virgindade e as virgens

O símbolo da Virgem, Mãe divina enquanto Theotokos, designa a alma na qual Deus recebe-se a si mesmo, gerando-se em si mesmo, pois só ele é.

A Virgem Maria representa a alma perfeitamente unificada, na qual Deus tornou-se fecundo. Ela continua virgem, pois continua intacta em relação a uma nova fecundidade.

A criança divina nasce sem intervenção do homem no mistério cristão que justamente neste aspecto coincide com os mitos da Antiguidade, que representam o nascimento milagroso do herói.

A Virgem Mãe de Deus simboliza a terra orientada para o céu, que se torna também uma terra transfigurada, uma terra de luz. Daí vêm o seu papel e a sua importância no pensamento cristão, enquanto modelo e ponte entre o terrestre e o celeste, o baixo e o alto.

As virgens negras simbolizam a terra virgem, ainda não fecundada; valorizam o elemento passivo do estado virginal.

Fertilidade do solo. Fonte: Centro de Produções Técnicas (CPT).

O trigo...

Certa cerimônia dos mistérios de Elêusis coloca em perfeito relevo o simbolismo essencial do trigo. No decurso de um drama místico, comemorativo da união de Deméter (Ceres) e Zeus (Júpiter), era apresentado um grão de trigo, como uma hóstia no ostensório, que se contemplava em silêncio. Era a cena da epopsia, ou da contemplação.

Através desse grão de trigo, os epoptas prestavam honras a Deméter, a deusa da fecundidade e iniciadora aos mistérios da vida. Essa ostensão muda evocava a perenidade das estações, o retorno das colheitas, a alternância da morte do grão e de sua ressurreição em múltiplos grãos. O culto da deusa era a garantia dessa permanência cíclica.

Por evocar a morte e o renascimento do grão, a emocionante cerimônia foi relacionada com a evocação do Deus morto e ressuscitado, característica dos cultos ao mistério de Dioniso, mas essa interpretação seria apenas uma derivação da primeira.

O profundo simbolismo do grão de trigo talvez se enraíze também em um outro fato assinalado por Jean Servier. A origem do trigo é completamente desconhecida, como a de muitas plantas de cultivo, em especial a cevada, o feijão e o milho. Pode-se multiplicar as espécies, enxertar algumas, melhorar a qualidade de outras – mas nunca se conseguiu criar trigo ou milho, ou qualquer dessas plantas alimentícias básicas. Elas surgem, portanto, essencialmente e em diferentes civilizações, como um presente dos deuses, ligado ao dom da vida.

O trigo simboliza o dom da vida, que não pode ser senão um dom dos deuses, o alimento essencial e primordial.

... e as espigas

Nas civilizações agrárias, a espiga é o filho nascido da hierogamia fundamental Céu-Terra. É a resolução dessa dualidade fundamental; e é por esse motivo que, em sua qualidade de síntese, a espiga de milho ostenta simultaneamente a cor feminina da terra vermelha e a cor máscula do céu azul: “A espiga de milho feminina é coberta pela abóbada azul do céu masculino”.

Para os índios da pradaria, “a espiga de milho representa o poder sobrenatural que habita H´Uraru, a terra de onde provém o alimento necessário à vida; e é por isso que nós lhe damos o nome de Atira, a mãe que insufla a vida. O poder inerente à terra, e que a torna capaz de produzir, vem do alto, e é por isso que nós pintamos de azul a espiga do milho”.

Fez-se da espiga de milho o atributo do verão, estação das colheitas de cereais; de Ceres, a deusa da agricultura, que deu o trigo aos homens e que é geralmente representada com um punhado de espigas nas mãos; da Caridade e da Abundância, que distribuem espigas em profusão e todos os alimentos que as espigas simbolizam. A espiga contém o grão que morre, seja para nutrir ou seja para germinar.

Em geral símbolo do crescimento e da fertilidade; alimento e sêmen ao mesmo tempo. Indica a chegada à maturidade, tanto na vida vegetal e animal quanto no desenvolvimento psíquico: é o desabrochar de todas as possibilidades do ser, a imagem da ejaculação.

Dicionário de Símbolos, C. & G.


Alisson Batista

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