quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O ESPAÇO DO SIGNO DE AQUÁRIO III



O símbolo Urna

Nas artes, a urna é também o vaso de onde flui a água e simboliza a fecundidade dos rios.

Os votos, as águas, as cinzas, misturados numa mesma urna, fazem dela, definitivamente, o símbolo da unidade: unidade social, unidade do princípio vital (água), unidade do ser humano; de um modo ainda mais geral, a unidade da diversidade, através do perpétuo escoamento e da sucessão da vida e da morte.


O simbolismo do Vaso e da Taça

O vaso

Na literatura medieval, o vaso contém o tesouro (o Graal, as Litanias, etc.). O vaso alquímico e o vaso hermético sempre significam o local em que se operam maravilhas; é o seio materno, o útero no qual se forma um novo nascimento. Daí vem a crença de que o vaso contém o segredo das metamorfoses.

O vaso encerra, sob diversas formas, o elixir da vida: é um reservatório de vida. Um vaso de ouro pode representar o tesouro da vida espiritual, o símbolo de uma força secreta.

O fato de o vaso ser aberto em cima indica uma receptividade às influências celestes.

O Aguadeiro. Fonte: Ayay.

A taça

O simbolismo tão amplo da taça (ou copa) se apresenta sob dois aspectos essenciais: o vaso de abundância e o do vaso que contém a poção da imortalidade. No primeiro caso, ela é muitas vezes comparada ao seio materno que produz o leite.

O simbolismo mais geral da taça aplica-se ao Graal do Medievo, cálice que recolheu o sangue do Cristo e que contém simultaneamente – as duas coisas se identificam, no fundo – a tradição momentaneamente perdida e a bebida da imortalidade.

O cálice contém o sangue – princípio de vida – sendo, portanto, homólogo do coração e, em consequência, do centro. Ora, o hieróglifo do coração é uma copa. O Graal é, etimologicamente, tanto um vaso quanto um livro, o que confirma a dupla significação do seu conteúdo: revelação e vida.

O Graal era também chamado vaissel: símbolo do navio, da arca contendo os germes do renascimento cíclico, da tradição perdida. Observar que o crescente da lua, equivalente à taça, é também uma barca. É ainda a expressão da imortalidade ou do conhecimento obtido ao preço da morte no estado presente, logo, do renascimento iniciático ou supra-humano.

O rito da comunhão, ao qual as taças são destinadas, e que realiza a participação virtual no sacrifício e na união beatífica, pode ser encontrado em diversas tradições, notadamente na China antiga (consideramos aqui somente as aparências exteriores dos ritos, não sua significação dogmática). É, sobretudo, um rito de agregação, de união consanguínea (como o juramento do sangue das sociedades secretas), mas também símbolo de imortalidade.

A taça é, ainda, um símbolo cósmico: o Ovo do mundo separado em duas formas, duas copas opostas, das quais uma, a do Céu, é a imagem do domo. Os Dióscuros usam, cada um, uma dessas metades, como cobertura da cabeça. No Japão, a troca das taças (Sakazuki o Kawasu) simboliza a fidelidade.

Mas a ênfase principal do simbolismo da copa recai, na Bíblia, sobre o destino do homem: o homem recebe da mão de Deus o seu destino como uma copa ou como contido numa copa. Pode tratar-se de uma taça transbordante de bênçãos ou do fogo do castigo divino; pode ser “o cálice do vinho do furor da sua ira”. É por isso que o instrumento de que Deus se serve para castigar (um homem, um povo, uma cidade) pode ser comparado a uma taça. Quando Jesus fala do cálice que estava para beber e que pede ao Pai que o afaste não é só a morte que ele assim designa mas em geral o destino que Deus lhe propõe e que ele aceita com conhecimento de causa.

A taça simboliza não só o continente mas a essência de uma revelação. Na literatura mística do Islã, a taça simboliza geralmente o coração, entendido no sentido de intuição, de esfera mais sutil da alma. O coração do iniciado (arif), que é também um microcosmo, é muitas vezes comparado à taça de Djmashid. Esse rei lendário da Pérsia possuía, ao que se diz, uma taça na qual podia ver o universo.

A taça do amor ou o vinho da alegria são dados aos santos privilegiados, no Paraíso: Os santos, vindos de longe, depõem seus cajados à porta e são convidados a entrar, para beber do vinho, vertido na taça por escanções (os anjos); depois recebem, à luz dos círios, a saudação de um ser misterioso, que surge de súbito, sob os traços de um jovem de solene beleza. E eles se prosternam diante desse Ídolo, que contém em si a Essência divina. A taça (cálice), símbolo da preparação para a comunhão na adoração e no amor.

Dicionário de Símbolos, J. C. & A. G.

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