Aquário. Fonte: Blog Bluntly Said. |
O
serviço
A tarefa fundamental da humanidade durante as décadas
e os séculos vindouros é, portanto, o desenvolvimento de um tipo de ser humano
capaz de assumir segura e construtivamente a responsabilidade que a gestão do
poder acarreta; assumi-lo com segurança, para si próprios como indivíduos e
para a sociedade em geral. Assumir essa responsabilidade, não em proveito
próprio ou em benefício de algum grupo individual, mas para o bem do todo;
assumi-lo livremente, conscientemente, alegremente – na verdade, como deuses em
formação – esta deve ser a diretriz dos homens de amanhã, para que a humanidade
sobreviva.
Como sempre acontece quando um novo ciclo, uma nova
religião, uma nova atitude para com a vida e um novo tipo de ser humano estão
aparecendo no horizonte do tempo, eles parecem brilhar com uma luz
extraordinária e prodigiosa. Eles condensam, em virtude de sua novidade, a
esperança difusa de todos os homens insatisfeitos com o presente e impacientes
com o passado. Sobre eles, todos os sonhos se focalizam. Eles chegam como
portadores de dons há muito prometidos, como pregadores de “boas-novas” há
muito suprimidas.
Desse modo, inclinamo-nos a idealizar todas as
características relacionadas à simbologia zodiacal de Aquário. Esquecemo-nos
que o homem ou a mulher cujo tipo básico é descrito por esse hieróglifo do céu
tem um grande encargo a cumprir e uma grave responsabilidade; e o encargo e a
responsabilidade nem sempre são assumidos conscientemente e nem sempre a pessoa
se desincumbe deles com êxito.
Uma palavrinha conhecida, adequadamente compreendida,
exprime a natureza essencial dessa qualidade espiritual: servir. A humanidade
dessa Nova Era só pode ser fiel a seu elevado destino se os homens e mulheres
que deverão ser as raízes e a flor de sua civilização conseguirem incorporar em
suas vidas e em sua filosofia o ideal da “prestação de serviço”; se não
buscarem maior glória que a de ser conhecidos como “servos” da humanidade – o
que também significa “servos de Deus”, pois mediante o serviço prestado à
humanidade dá-se a conhecer Deus. E Ele será conhecido como Homem.
O poder só pode acarretar frutos benéficos para
aqueles a quem ele é confiado tendo em vista o bem do Todo e que, assim, servem
ao Todo. O monopólio do poder, seja de que forma for, só pode acabar em
autodestruição. Os homens ainda precisam aprender esta lição por inteiro.
É, pois, necessário que os fatos sejam tão coercivos
que os homens, finalmente, reconheçam que todo o poder é do Todo, pertence ao
Todo, e está confiado a alguns indivíduos apenas para que eles lhe governem a
liberação com eficiência bem nítida e especializada para o bem do Todo.
Todas as coisas basicamente humanas fluem de uma raiz
comum de nossa condição humana para os milhares de canais abertos pela vontade,
pela visão e pelo talento dos homens de coragem e de pensamento de todos os
quadrantes. No entanto, aos que são os primeiros pertence a oportunidade sem
paralelo de servir de veículo para o influxo original e originador do espírito
criativo, de que provém todo poder na Terra e no céu.
Esse influxo do espírito criativo constitui a
característica essencial da Nova Era que leva a assinatura astrológica de
Aquário. A tarefa dos que também tiverem essa assinatura impressa em sua
identidade é obter a capacidade de liberar esse poder que flui de grandes
altitudes, seja ele físico ou psicológico; liberá-lo não para obter lucro, mas
como prestação de serviço, assim como o coração libera o sangue que inunda seu
ventrículo esquerdo – para que o corpo todo seja nutrido com o oxigênio vital e
com as poderosas substâncias químicas de suas glândulas internas.
Conquistar essa capacidade de liberar poder na prestação de serviço ao Todo significa atingir maturidade psicológica. E o maior inimigo da maturidade é o Medo. É unicamente o medo que mantém o adolescente escravizado a atitudes infantis. Só o medo impede que as nações e os governantes reais – se não oficiais – das nações compreendam que a humanidade em seu conjunto é o único quadro de referência em relação ao qual as realizações de qualquer nação passam a fazer sentido e adquirem seu pleno valor humano. O medo ocasiona a agressão e desvia as mentes dos homens para as torturas – o medo e o sentimento doloroso de frustração que lhe está sempre associado e que engendra desespero e, depois, autodestruição.
Com a chegada da Era de Aquário, a humanidade deverá
alcançar o limiar de sua maturidade. Ser amadurecido significa ser capaz de
assumir o controle eficiente do poder que é do homem e cumprir o próprio dever
como verdadeiro servo da grande Companhia, a humanidade. Na verdade, este é o
grande dilema humano; pois o
homem é aquele ser misterioso cheio de conflitos, temores e esperanças, que
precisa escolher o modo como usará o poder, porque ele tem poder de escolha.
Quando vemos o tipo de pessoa reformista com mente
voltada para o social, talvez excessivamente zeloso, idealista ou justo a seus
próprios olhos que revele traços de Aquário, nós nos inclinamos a considerá-lo
um caráter excelente em cujas mãos o futuro do mundo estará seguro. Podemos
mesmo desejar que houvesse mais tipos assim. No entanto, precisamos compreender
que, na maioria dos casos, essas pessoas ainda têm que enfrentar sua maior
prova.
O aquário – o Homem simbólico do zodíaco – está
transportando sobre seus fortes ombros uma urna cheia de água. Essa água pode
significar vida ou morte para aquele que é dotado do dom; pois, a menos que o
homem tenha recebido dentro de sua própria alma o batismo que lhe torne
eternamente impossível beber dessa água e deixar a terra sedenta, que Deus dele
se apiede! Muitos são tentados e bem poucos escolhem a Cruz. Muitos conhecem
técnicas e administração, mas poucos responderam a seu Deus o desafio crucial:
Para quê?
Todo idealismo e bondade dos homens – aliás, toda sua
moralidade e suas observâncias religiosas tradicionais – podem não ser nada
quando confrontados com uma crise de poder. O que é preciso é uma finalidade
espiritual. O que é necessário é que os indivíduos se tornem conscientes da
meta evolutiva que está imediatamente à frente da humanidade. O que é preciso é
uma total identificação da imaginação e da vontade humanas com essa meta, e a
fé que faz essa identificação funcionar.
O poder está aqui, sobre nós – tremendo, espantoso.
Precisa ser usado. Seu uso precisa ser
administrado: e os homens da Nova Era saberão administra-lo. Mas para que fim?
Se estivermos receptivos à voz do espírito criativo dentro de nós, não poderá
haver senão uma resposta: servir. O homem de Aquário em todos nós precisa
alcançar esse nobre estágio de desenvolvimento e tornar-se “o Servo”. A
humanidade é a Grande Órfã. Precisa ser alimentada de poder. É preciso dar uma
finalidade ao poder. E só pode haver uma única finalidade: a paz. Finalidade,
poder e paz. Aqueles a quem falte qualquer dessas coisas nos séculos futuros
não estará completo.
O poder não deve ser objeto de apego, nem o amor. O
poder deve ser usado. O amor é para ser usado. A vida é para ser usada. Tudo o
que nos é dado tocar, sentir, experimentar deve ser usado, deve ser gerido.
Precisa ser gerido para servir a um propósito que seja legítimo, real, divino –
simplesmente porque é o único propósito evolutivo que faz sentido. Nada faz
sentido, se não for adiante em atividade criativa maior, mais profunda, mais
nobre e mais abrangente; e todo movimento para diante exige que um poder seja
buscado, usado e gerido.
Todo indivíduo ou grupo está eternamente sendo
julgado pelo uso que faz do poder. Nós estamos sendo julgados hoje por nossa
recusa coletiva a transformar nossas vidas e nossa civilização no sentido de
ajustá-las aos novos horizontes que o novo poder, ou energia, nos abriu.
As portas da Nova Era foram arrombadas com violência.
Os homens de pouca fé só conseguem enxergar o horror da morte através da fresta
que se nos abriu. Mas para aqueles cujo coração e espírito assumiram a
responsabilidade de criar o futuro; para aqueles que aceitaram a alegria e o
martírio que advêm com a verdadeira posição de servir ao mundo, o espaço
descreve uma curva no céu em direção de um limiar. Além dele, está Deus feito
Homem; o Homem, sustentando nos ombros a urna de poder infinito, como Jesus uma
vez suportou a cruz; o Homem vertendo – ah! vertendo profusamente – sobre todos
quantos têm delas necessidade e que por elas anseiam, a alegria, a riqueza, a
plenitude que nos podem pertencer se tão-somente tivermos a audácia de aceitar
o desafio do poder e da paz, nossa natureza integral entoando cânticos de
prestação de serviço ao Todo.
Tríptico Astrológico, D. R.
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