domingo, 1 de março de 2015

O ESPAÇO DO SIGNO DE AQUÁRIO V


Aquário. Fonte: Blog Bluntly Said.

O serviço

A tarefa fundamental da humanidade durante as décadas e os séculos vindouros é, portanto, o desenvolvimento de um tipo de ser humano capaz de assumir segura e construtivamente a responsabilidade que a gestão do poder acarreta; assumi-lo com segurança, para si próprios como indivíduos e para a sociedade em geral. Assumir essa responsabilidade, não em proveito próprio ou em benefício de algum grupo individual, mas para o bem do todo; assumi-lo livremente, conscientemente, alegremente – na verdade, como deuses em formação – esta deve ser a diretriz dos homens de amanhã, para que a humanidade sobreviva.

Como sempre acontece quando um novo ciclo, uma nova religião, uma nova atitude para com a vida e um novo tipo de ser humano estão aparecendo no horizonte do tempo, eles parecem brilhar com uma luz extraordinária e prodigiosa. Eles condensam, em virtude de sua novidade, a esperança difusa de todos os homens insatisfeitos com o presente e impacientes com o passado. Sobre eles, todos os sonhos se focalizam. Eles chegam como portadores de dons há muito prometidos, como pregadores de “boas-novas” há muito suprimidas.

Desse modo, inclinamo-nos a idealizar todas as características relacionadas à simbologia zodiacal de Aquário. Esquecemo-nos que o homem ou a mulher cujo tipo básico é descrito por esse hieróglifo do céu tem um grande encargo a cumprir e uma grave responsabilidade; e o encargo e a responsabilidade nem sempre são assumidos conscientemente e nem sempre a pessoa se desincumbe deles com êxito.

Uma palavrinha conhecida, adequadamente compreendida, exprime a natureza essencial dessa qualidade espiritual: servir. A humanidade dessa Nova Era só pode ser fiel a seu elevado destino se os homens e mulheres que deverão ser as raízes e a flor de sua civilização conseguirem incorporar em suas vidas e em sua filosofia o ideal da “prestação de serviço”; se não buscarem maior glória que a de ser conhecidos como “servos” da humanidade – o que também significa “servos de Deus”, pois mediante o serviço prestado à humanidade dá-se a conhecer Deus. E Ele será conhecido como Homem.

O poder só pode acarretar frutos benéficos para aqueles a quem ele é confiado tendo em vista o bem do Todo e que, assim, servem ao Todo. O monopólio do poder, seja de que forma for, só pode acabar em autodestruição. Os homens ainda precisam aprender esta lição por inteiro.

É, pois, necessário que os fatos sejam tão coercivos que os homens, finalmente, reconheçam que todo o poder é do Todo, pertence ao Todo, e está confiado a alguns indivíduos apenas para que eles lhe governem a liberação com eficiência bem nítida e especializada para o bem do Todo.

Todas as coisas basicamente humanas fluem de uma raiz comum de nossa condição humana para os milhares de canais abertos pela vontade, pela visão e pelo talento dos homens de coragem e de pensamento de todos os quadrantes. No entanto, aos que são os primeiros pertence a oportunidade sem paralelo de servir de veículo para o influxo original e originador do espírito criativo, de que provém todo poder na Terra e no céu.

Esse influxo do espírito criativo constitui a característica essencial da Nova Era que leva a assinatura astrológica de Aquário. A tarefa dos que também tiverem essa assinatura impressa em sua identidade é obter a capacidade de liberar esse poder que flui de grandes altitudes, seja ele físico ou psicológico; liberá-lo não para obter lucro, mas como prestação de serviço, assim como o coração libera o sangue que inunda seu ventrículo esquerdo – para que o corpo todo seja nutrido com o oxigênio vital e com as poderosas substâncias químicas de suas glândulas internas.

Conquistar essa capacidade de liberar poder na prestação de serviço ao Todo significa atingir maturidade psicológica. E o maior inimigo da maturidade é o Medo. É unicamente o medo que mantém o adolescente escravizado a atitudes infantis. Só o medo impede que as nações e os governantes reais – se não oficiais – das nações compreendam que a humanidade em seu conjunto é o único quadro de referência em relação ao qual as realizações de qualquer nação passam a fazer sentido e adquirem seu pleno valor humano. O medo ocasiona a agressão e desvia as mentes dos homens para as torturas – o medo e o sentimento doloroso de frustração que lhe está sempre associado e que engendra desespero e, depois, autodestruição.


Com a chegada da Era de Aquário, a humanidade deverá alcançar o limiar de sua maturidade. Ser amadurecido significa ser capaz de assumir o controle eficiente do poder que é do homem e cumprir o próprio dever como verdadeiro servo da grande Companhia, a humanidade. Na verdade, este é o grande dilema humano; pois o homem é aquele ser misterioso cheio de conflitos, temores e esperanças, que precisa escolher o modo como usará o poder, porque ele tem poder de escolha.

Quando vemos o tipo de pessoa reformista com mente voltada para o social, talvez excessivamente zeloso, idealista ou justo a seus próprios olhos que revele traços de Aquário, nós nos inclinamos a considerá-lo um caráter excelente em cujas mãos o futuro do mundo estará seguro. Podemos mesmo desejar que houvesse mais tipos assim. No entanto, precisamos compreender que, na maioria dos casos, essas pessoas ainda têm que enfrentar sua maior prova.

O aquário – o Homem simbólico do zodíaco – está transportando sobre seus fortes ombros uma urna cheia de água. Essa água pode significar vida ou morte para aquele que é dotado do dom; pois, a menos que o homem tenha recebido dentro de sua própria alma o batismo que lhe torne eternamente impossível beber dessa água e deixar a terra sedenta, que Deus dele se apiede! Muitos são tentados e bem poucos escolhem a Cruz. Muitos conhecem técnicas e administração, mas poucos responderam a seu Deus o desafio crucial: Para quê?

Todo idealismo e bondade dos homens – aliás, toda sua moralidade e suas observâncias religiosas tradicionais – podem não ser nada quando confrontados com uma crise de poder. O que é preciso é uma finalidade espiritual. O que é necessário é que os indivíduos se tornem conscientes da meta evolutiva que está imediatamente à frente da humanidade. O que é preciso é uma total identificação da imaginação e da vontade humanas com essa meta, e a fé que faz essa identificação funcionar.

O poder está aqui, sobre nós – tremendo, espantoso. Precisa ser usado.  Seu uso precisa ser administrado: e os homens da Nova Era saberão administra-lo. Mas para que fim? Se estivermos receptivos à voz do espírito criativo dentro de nós, não poderá haver senão uma resposta: servir. O homem de Aquário em todos nós precisa alcançar esse nobre estágio de desenvolvimento e tornar-se “o Servo”. A humanidade é a Grande Órfã. Precisa ser alimentada de poder. É preciso dar uma finalidade ao poder. E só pode haver uma única finalidade: a paz. Finalidade, poder e paz. Aqueles a quem falte qualquer dessas coisas nos séculos futuros não estará completo.

O poder não deve ser objeto de apego, nem o amor. O poder deve ser usado. O amor é para ser usado. A vida é para ser usada. Tudo o que nos é dado tocar, sentir, experimentar deve ser usado, deve ser gerido. Precisa ser gerido para servir a um propósito que seja legítimo, real, divino – simplesmente porque é o único propósito evolutivo que faz sentido. Nada faz sentido, se não for adiante em atividade criativa maior, mais profunda, mais nobre e mais abrangente; e todo movimento para diante exige que um poder seja buscado, usado e gerido.

Todo indivíduo ou grupo está eternamente sendo julgado pelo uso que faz do poder. Nós estamos sendo julgados hoje por nossa recusa coletiva a transformar nossas vidas e nossa civilização no sentido de ajustá-las aos novos horizontes que o novo poder, ou energia, nos abriu.

As portas da Nova Era foram arrombadas com violência. Os homens de pouca fé só conseguem enxergar o horror da morte através da fresta que se nos abriu. Mas para aqueles cujo coração e espírito assumiram a responsabilidade de criar o futuro; para aqueles que aceitaram a alegria e o martírio que advêm com a verdadeira posição de servir ao mundo, o espaço descreve uma curva no céu em direção de um limiar. Além dele, está Deus feito Homem; o Homem, sustentando nos ombros a urna de poder infinito, como Jesus uma vez suportou a cruz; o Homem vertendo – ah! vertendo profusamente – sobre todos quantos têm delas necessidade e que por elas anseiam, a alegria, a riqueza, a plenitude que nos podem pertencer se tão-somente tivermos a audácia de aceitar o desafio do poder e da paz, nossa natureza integral entoando cânticos de prestação de serviço ao Todo.

Tríptico Astrológico, D. R.

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