Ártemis. Fonte: Britannica Escola Online. |
Selene,
Diana, Ártemis, Hécate... são deusas associadas ao nosso satélite Lua, um
símbolo sempre feminino. Que se possa evocar o que há de mais fantástico e mais
terrível encrustado em nossa natureza feminina!
Ártemis
Filha de Zeus e de Latona (Letó), Ártemis é a irmã
gêmea de Apolo. Avessa ao amor e ao convívio dos homens, ela conservou-se
virgem, preferindo a caça a qualquer outra atividade. A exemplo de Apolo,
manejava eximiamente o arco e as flechas.
Virgem severa e vingativa, indomável, aparece na
mitologia como o oposto de Afrodite.
Ártemis é a selvagem deusa da natureza. Mostra-se
impiedosa sobretudo com as mulheres que cedem à atração do amor. É, a um só
tempo, aquela que conduz aos caminhos da castidade e a leoa que barra os caminhos
da volúpia; protege, também, as mulheres grávidas e as fêmeas prenhes, por
causa das criaturas esperadas... Embora virgem, é a deusa dos partos.
Protetora, embora temível, por vezes, Ártemis reina
igualmente sobre o mundo humano, onde preside ao nascimento e desenvolvimento
dos seres. Ártemis Selênia também está ligada ao ciclo de símbolos da
fecundidade. Feroz para com os homens, ela desempenhará o papel de protetora da
vida feminina. Por isso considerou-se seu culto como derivado do culto da
Grande-Mãe asiática e dos antigos povos do mar Egeu.
Ártemis aparecia também às vezes como uma
personificação de Selene (a Lua), errante pelas montanhas, enquanto Apolo, seu
irmão gêmeo, era visto às vezes como a personificação de Hélios (o Sol). A
Diana romana foi assimilada à deusa grega Ártemis, que era a protetora das
amazonas, belicosas e caçadoras como ela, e também avessas ao convívio dos
homens.
Aos olhos de certos psicanalistas, Ártemis
simbolizaria o aspecto ciumento, dominador e castrador da mãe. Com Afrodite,
seu oposto, constituiria o retrato integral da mulher, tão profundamente
dividida em si mesma, que não foi capaz de reduzir as tensões originadas por
esse duplo aspecto de sua personalidade. As feras que acompanham Ártemis em
suas caminhadas são os instintos, inseparáveis do ser humano; é importante que
sejam domados, a fim de que se possa alcançar essa cidade dos justos que,
segundo Homero, a deusa amava.
Hydra. Fonte: National Museum of Women in the Arts. |
Hécate
Uma deusa às vezes identificada com Ártemis, filha de
Perses e de Astéria (irmã de Letó).
Deusa dos mortos, não como Perséfone, a esposa de
Hades, mas como aquela que preside às aparições de fantasmas e aos sortilégios.
Seus poderes são temíveis, principalmente à noite, à dúbia luz da Lua, com a qual,
aliás, ela se identifica.
Deusa lunar e ctoniana, está ligada aos cultos da
fertilidade. Mas apresenta dois aspectos opostos: um, benevolente e benfazejo:
preside às germinações e aos partos, protege as navegações marítimas, concede a
prosperidade, a eloquência, a vitória, as ricas searas, as pescas abundantes,
guia para a via órfica das purificações. Em contrapartida, um outro aspecto é
temível e infernal: Hécate é a deusa dos espectros e dos terrores noturnos...
dos fantasmas e monstros que infundem terror, é a nigromante por excelência, a
senhora da feitiçaria. Só se conjura por encantações, filtros de amor e de
morte.
Sua lenda e suas representações com três corpos e
três cabeças se prestam a interpretações simbólicas de diferentes níveis. Deusa
lunar, poderia representar as três fases da evolução lunar (crescente,
minguante e lua nova) e as três fases correspondentes da evolução vital. Deusa
ctoniana, restabelece a ligação dos três patamares do mundo: os infernos, a
terra e o céu.
Seria, sob esse aspecto, honrada como a deusa das
encruzilhadas (em companhia dos cães infernais). Porque toda decisão a tomar
num cruzamento implica não só uma direção horizontal, na superfície da terra,
mas, mais profundamente, uma direção vertical para qualquer um dos níveis
escolhidos de vida.
Enfim, a nigromante das aparições noturnas
simbolizaria o inconsciente, onde se agitam feras e monstros: o inferno vivo do
psiquismo, mas também reserva de energias a organizar, como o caos se organizou
em cosmo sob a influência do espírito.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Dicionário de Mitologia Grega e Romana, M. G. K.
Alisson
Batista
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