domingo, 20 de julho de 2014

AS PINÇAS DO SIGNO DE CÂNCER (V)


Ártemis. Fonte: Britannica Escola Online.

Selene, Diana, Ártemis, Hécate... são deusas associadas ao nosso satélite Lua, um símbolo sempre feminino. Que se possa evocar o que há de mais fantástico e mais terrível encrustado em nossa natureza feminina!

Ártemis

Filha de Zeus e de Latona (Letó), Ártemis é a irmã gêmea de Apolo. Avessa ao amor e ao convívio dos homens, ela conservou-se virgem, preferindo a caça a qualquer outra atividade. A exemplo de Apolo, manejava eximiamente o arco e as flechas.

Virgem severa e vingativa, indomável, aparece na mitologia como o oposto de Afrodite.

Ártemis é a selvagem deusa da natureza. Mostra-se impiedosa sobretudo com as mulheres que cedem à atração do amor. É, a um só tempo, aquela que conduz aos caminhos da castidade e a leoa que barra os caminhos da volúpia; protege, também, as mulheres grávidas e as fêmeas prenhes, por causa das criaturas esperadas... Embora virgem, é a deusa dos partos.

Protetora, embora temível, por vezes, Ártemis reina igualmente sobre o mundo humano, onde preside ao nascimento e desenvolvimento dos seres. Ártemis Selênia também está ligada ao ciclo de símbolos da fecundidade. Feroz para com os homens, ela desempenhará o papel de protetora da vida feminina. Por isso considerou-se seu culto como derivado do culto da Grande-Mãe asiática e dos antigos povos do mar Egeu.

Ártemis aparecia também às vezes como uma personificação de Selene (a Lua), errante pelas montanhas, enquanto Apolo, seu irmão gêmeo, era visto às vezes como a personificação de Hélios (o Sol). A Diana romana foi assimilada à deusa grega Ártemis, que era a protetora das amazonas, belicosas e caçadoras como ela, e também avessas ao convívio dos homens.

Aos olhos de certos psicanalistas, Ártemis simbolizaria o aspecto ciumento, dominador e castrador da mãe. Com Afrodite, seu oposto, constituiria o retrato integral da mulher, tão profundamente dividida em si mesma, que não foi capaz de reduzir as tensões originadas por esse duplo aspecto de sua personalidade. As feras que acompanham Ártemis em suas caminhadas são os instintos, inseparáveis do ser humano; é importante que sejam domados, a fim de que se possa alcançar essa cidade dos justos que, segundo Homero, a deusa amava.

Hydra. Fonte: National Museum of Women in the Arts.

Hécate

Uma deusa às vezes identificada com Ártemis, filha de Perses e de Astéria (irmã de Letó).

Deusa dos mortos, não como Perséfone, a esposa de Hades, mas como aquela que preside às aparições de fantasmas e aos sortilégios. Seus poderes são temíveis, principalmente à noite, à dúbia luz da Lua, com a qual, aliás, ela se identifica.

Deusa lunar e ctoniana, está ligada aos cultos da fertilidade. Mas apresenta dois aspectos opostos: um, benevolente e benfazejo: preside às germinações e aos partos, protege as navegações marítimas, concede a prosperidade, a eloquência, a vitória, as ricas searas, as pescas abundantes, guia para a via órfica das purificações. Em contrapartida, um outro aspecto é temível e infernal: Hécate é a deusa dos espectros e dos terrores noturnos... dos fantasmas e monstros que infundem terror, é a nigromante por excelência, a senhora da feitiçaria. Só se conjura por encantações, filtros de amor e de morte.

Sua lenda e suas representações com três corpos e três cabeças se prestam a interpretações simbólicas de diferentes níveis. Deusa lunar, poderia representar as três fases da evolução lunar (crescente, minguante e lua nova) e as três fases correspondentes da evolução vital. Deusa ctoniana, restabelece a ligação dos três patamares do mundo: os infernos, a terra e o céu.

Seria, sob esse aspecto, honrada como a deusa das encruzilhadas (em companhia dos cães infernais). Porque toda decisão a tomar num cruzamento implica não só uma direção horizontal, na superfície da terra, mas, mais profundamente, uma direção vertical para qualquer um dos níveis escolhidos de vida.

Enfim, a nigromante das aparições noturnas simbolizaria o inconsciente, onde se agitam feras e monstros: o inferno vivo do psiquismo, mas também reserva de energias a organizar, como o caos se organizou em cosmo sob a influência do espírito.

Dicionário de Símbolos, C. & G.
Dicionário de Mitologia Grega e Romana, M. G. K.

Alisson Batista


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