A Constelação de Libra. Fonte: Mexican Skies. |
Agora é a vez
do signo de Libra, que nos deixa em 23 de outubro, na próxima quinta-feira.
Aqui, no
Rio de Janeiro, vivemos bem a atmosfera dessa época: dúvida quanto à eleição
para Governador do Estado; polarização política no plano nacional e dúvida
quanto à eleição para Presidente da República; o clima não se estabelece e
alterna tempo quente e tempo frio, tempo com calor ao longo do dia e algo mais
frio durante as noites. No geral, nem quente nem frio vencem a batalha, apesar dos
nevoeiros e das ventanias.
Bem, depois
da uma pequena ponderação, essas e outras várias questões irão tormar rumo e se
resolver.
Por hora,
daremos sequência à série de resumos e fragmentos de mitos, símbolos, imagens e
palavras, todos com o intuito de promover a atmosfera ou o perfume de cada uma
das doze estações que completam o ciclo zodiacal.
O rito é o
seguinte: em primeiro lugar, veremos algo sobre o símbolo da Balança, mas
também sobre o símbolo da Espada, este último associado à composição simbólica
da balança. Mais adiante será a vez da Justiça e da figura do homem Justo serem
abordados numa perspectiva simbólica.
Haverá uma
pequena “pausa” para o momento xerox, ou melhor, para o momento “inspiração” em
outro texto. Só que o texto é do próprio blogue. Explico: Vênus também é
regente tanto do signo de Touro quanto do signo de Libra. Portanto, alguns
fragmentos sobre Vênus-Afrodite-Ishtar serão retomados de alguns posts atrás. O
mesmo se aplica ao planeta Vênus.
E, por fim,
como de costume, haverá um rápido piscar de olhos sobre a cor azul, também
associada ao signo de Libra, mas também uma abordagem mais filosófica sobre o
signo com os fragmentos de Dane Rudhyar.
Mais
uma vez, espero que gostem.
A
balança como símbolo
A balança é conhecida na qualidade de símbolo da
justiça, da medida, da prudência, do equilíbrio, porque sua função corresponde
precisamente à pesagem dos atos. Associada à espada, a balança é também a
Justiça, mas duplicada pela Verdade.
A balança como símbolo do Julgamento é apenas uma
extensão da aceitação precedente da Justiça divina. No antigo Egito, Osíris
pesava as almas dos mortos; na iconografia cristã, a balança é segurada por São
Miguel, o Arcanjo do Julgamento; a balança do Julgamento também é evocada no
Corão; no Tibete, os pratos da balança destinada à pesagem das boas e das más
ações dos homens são respectivamente enchidos de pedras brancas e de pedras
negras. Na Pérsia, o anjo Rashn, colocado ao pé de Mitra, pesa os espíritos
sobre a ponte do destino.
Abarcando as noções de justiça, como também de medida
e de ordem, a balança, entre os gregos, é representada por Têmis, que rege os
mundos segundo uma lei universal. No dizer de Hesíodo, ela é filha de Urano (o
céu) e de Gaia (a terra), portanto filha da matéria e do espírito, do visível e
do invisível.
Como a noção de destino implica a de tempo vivido,
compreender-se-á que a balança seja igualmente o emblema de Saturno ou Cronos.
Juiz e executor, Cronos mede a vida humana, também estabelecendo equilíbrio,
igual ou não, entre os anos, as estações, os dias e as noites. Pode-se
sublinhar aqui que o signo zodiacal da balança é atingido no equinócio do
outono; no equinócio da primavera começa o de Áries; nessas datas, o dia e a
noite equilibram-se. Do mesmo modo, os movimentos dos pratos da balança, como
os do sol no ciclo anual, correspondem ao peso relativo do yin e do yang, do obscuro e da luz, o que reconduz, sem variação simbólica notável,
da Grécia à China clássicas.
A flecha (ponteiro) quando os pratos estão em
equilíbrio (equinócio) – ou a espada que a ela se identifica – é o símbolo do
Invariável Meio. O eixo polar que o representa termina na Ursa Maior, que a
China antiga denominava Balança de Jade.
Às vezes, entretanto, os dois pratos da Balança celeste eram representados pela
Ursa Maior e pela Menor. Além disso, o nome sânscrito da balança (tula) é o
mesmo que o da Terra Santa
primordial, situada na (região) hiperbórea, i.e., no pólo.
A balança é, ainda, o equilíbrio das forças naturais,
de todas as coisas feitas para serem unidas, das quais os antigos símbolos eram
as pedras oscilantes.
Ao equilibrar as coisas e o tempo, o visível e o
invisível, compreende-se que a ciência ou o domínio da Balança seja familiar ao
hermetismo e à alquimia: esta ciência é a das correspondências entre o universo
corporal e o universo espiritual, entre a Terra e o Céu.
O Livro dos mortos, dos antigos egípcios, permite-nos
fazer uma ideia da Psicostasia, a pesagem (ou julgamento) das almas: nos pratos
da balança, de um lado o vaso (significando o coração do morto), e de outro, a
pluma de avestruz (significando a justiça e a verdade). A balança simboliza a
justiça, o peso comparado dos atos e das obrigações.
A Deusa Themis. Fonte: Never Yet Melted. |
O equilíbrio simbolizado pela balança indica um
retorno à unidade; i.e., à não-manifestação, porque tudo aquilo que é
manifestado está sujeito à dualidade e às oposições. O equilíbrio realizado
pelos pratos fixados um diante do outro, portanto, significa uma posição para
além dos conflitos, que pertencem ao tempo-espaço, à matéria. É a partir do
centro da balança e da fixidez do ponteiro que as oposições podem ser encaradas
como aspectos complementares.
Ao entrar neste signo, o Sol está no ponto
intermediário do ano astronômico. Sua passagem do hemisfério Norte ao
hemisfério Sul marca o equilíbrio entre o edifício construído e as forças que
lhe preparam a ruína, assim como o equilíbrio entre os dias e as noites. É
representado por uma balança, com seu travessão e seus dois pratos. Esse ponto
do justo meio, em torno do qual tudo oscila, é testemunho do balanceamento
entre o crepúsculo de um outono exterior e a aurora de uma primavera interior.
Nesse ponto central, em que se igualam as distâncias entre os dois pratos do
motor e do freio, do impulso e da contenção, da espontaneidade e da reflexão,
do abandono e do medo, da atração e do recuo diante da vida, vemos sobretudo
uma neutralização das forças contrárias. Dele surge um mundo da média, da
medida, dos semitons, das cores suaves, dos matizes. É um universo de
refinamento o que vemos apresentar-se na simbólica do elemento Ar, de natureza
sutil. O meio aéreo da Balança significa, em relação ao de Gêmeos, o mesmo que
o lugar do coração significa para o do espírito. O ego contrapõe-se, nesse
caso, a um outro que é diferente de si mas de igual valor, introduzindo o
diálogo afetivo do tu e eu. O signo das Festas galantes, aliás, é colocado sob
a regência de Vênus, a cuja assistência Saturno traz uma nota de desprendimento
e de espiritualização. Trata-se da Vênus Afrodite das rosas de outono, deusa da
beleza ideal, da graça da alma, das Núpcias sagradas; e, igualmente, a das
serenatas e minuetos.
A Espada
como símbolo
Em primeiro lugar, a espada é o símbolo do estado
militar e de sua virtude, a bravura, bem como de sua função, o poderio. O
poderio tem um duplo aspecto: o destruidor (embora essa destruição possa
aplicar-se contra a injustiça, a maleficência e a ignorância e, por causa
disso, tornar-se positiva); e o construtor, pois estabelece e mantém a paz e a
justiça. Quando associada à balança, ela se relaciona mais especialmente à
justiça: separa o bem do mal, golpeia o culpado.
Símbolo guerreiro, a espada é também o símbolo da
guerra santa. Antes de mais nada, a guerra santa é uma guerra interior, e esta
pode ser igualmente a significação da espada trazida pelo Cristo. Além do mais
– sob seu duplo aspecto destruidor e criador –, ela é um símbolo do Verbo, da
Palavra.
A espada é também um símbolo axial e polar: este é o
caso da espada que se identifica ao eixo da balança. Na China, a espada,
símbolo do poder imperial, era a arma do Centro; entre os citas, o eixo do mundo
e a atividade celeste eram representados por uma espada fincada no cume de uma
montanha. Aliás, a ideia de que a espada fincada na terra possa produzir uma
fonte não deixa de estar relacionada com a atividade produtora do Céu.
Às vezes, a espada designa a palavra e a eloquência,
pois a língua, assim como a espada, tem dois gumes.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Alisson
Batista
LEIA TAMBÉM:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você pode construir ou destruir com o uso da palavra. Pense em sua responsabilidade individual ao utilizá-la.