terça-feira, 21 de outubro de 2014

O EQUILÍBRIO DO SIGNO DE LIBRA I


A Constelação de Libra. Fonte: Mexican Skies.


Agora é a vez do signo de Libra, que nos deixa em 23 de outubro, na próxima quinta-feira.

Aqui, no Rio de Janeiro, vivemos bem a atmosfera dessa época: dúvida quanto à eleição para Governador do Estado; polarização política no plano nacional e dúvida quanto à eleição para Presidente da República; o clima não se estabelece e alterna tempo quente e tempo frio, tempo com calor ao longo do dia e algo mais frio durante as noites. No geral, nem quente nem frio vencem a batalha, apesar dos nevoeiros e das ventanias.

Bem, depois da uma pequena ponderação, essas e outras várias questões irão tormar rumo e se resolver.

Por hora, daremos sequência à série de resumos e fragmentos de mitos, símbolos, imagens e palavras, todos com o intuito de promover a atmosfera ou o perfume de cada uma das doze estações que completam o ciclo zodiacal.

O rito é o seguinte: em primeiro lugar, veremos algo sobre o símbolo da Balança, mas também sobre o símbolo da Espada, este último associado à composição simbólica da balança. Mais adiante será a vez da Justiça e da figura do homem Justo serem abordados numa perspectiva simbólica.

Haverá uma pequena “pausa” para o momento xerox, ou melhor, para o momento “inspiração” em outro texto. Só que o texto é do próprio blogue. Explico: Vênus também é regente tanto do signo de Touro quanto do signo de Libra. Portanto, alguns fragmentos sobre Vênus-Afrodite-Ishtar serão retomados de alguns posts atrás. O mesmo se aplica ao planeta Vênus.

E, por fim, como de costume, haverá um rápido piscar de olhos sobre a cor azul, também associada ao signo de Libra, mas também uma abordagem mais filosófica sobre o signo com os fragmentos de Dane Rudhyar.

Mais uma vez, espero que gostem.


A balança como símbolo

A balança é conhecida na qualidade de símbolo da justiça, da medida, da prudência, do equilíbrio, porque sua função corresponde precisamente à pesagem dos atos. Associada à espada, a balança é também a Justiça, mas duplicada pela Verdade.

A balança como símbolo do Julgamento é apenas uma extensão da aceitação precedente da Justiça divina. No antigo Egito, Osíris pesava as almas dos mortos; na iconografia cristã, a balança é segurada por São Miguel, o Arcanjo do Julgamento; a balança do Julgamento também é evocada no Corão; no Tibete, os pratos da balança destinada à pesagem das boas e das más ações dos homens são respectivamente enchidos de pedras brancas e de pedras negras. Na Pérsia, o anjo Rashn, colocado ao pé de Mitra, pesa os espíritos sobre a ponte do destino.

Abarcando as noções de justiça, como também de medida e de ordem, a balança, entre os gregos, é representada por Têmis, que rege os mundos segundo uma lei universal. No dizer de Hesíodo, ela é filha de Urano (o céu) e de Gaia (a terra), portanto filha da matéria e do espírito, do visível e do invisível.

Como a noção de destino implica a de tempo vivido, compreender-se-á que a balança seja igualmente o emblema de Saturno ou Cronos. Juiz e executor, Cronos mede a vida humana, também estabelecendo equilíbrio, igual ou não, entre os anos, as estações, os dias e as noites. Pode-se sublinhar aqui que o signo zodiacal da balança é atingido no equinócio do outono; no equinócio da primavera começa o de Áries; nessas datas, o dia e a noite equilibram-se. Do mesmo modo, os movimentos dos pratos da balança, como os do sol no ciclo anual, correspondem ao peso relativo do yin e do yang, do obscuro e da luz, o que reconduz, sem variação simbólica notável, da Grécia à China clássicas.

A flecha (ponteiro) quando os pratos estão em equilíbrio (equinócio) – ou a espada que a ela se identifica – é o símbolo do Invariável Meio. O eixo polar que o representa termina na Ursa Maior, que a China antiga denominava Balança de Jade. Às vezes, entretanto, os dois pratos da Balança celeste eram representados pela Ursa Maior e pela Menor. Além disso, o nome sânscrito da balança (tula) é o mesmo que o da Terra Santa primordial, situada na (região) hiperbórea, i.e., no pólo.

A balança é, ainda, o equilíbrio das forças naturais, de todas as coisas feitas para serem unidas, das quais os antigos símbolos eram as pedras oscilantes.

Ao equilibrar as coisas e o tempo, o visível e o invisível, compreende-se que a ciência ou o domínio da Balança seja familiar ao hermetismo e à alquimia: esta ciência é a das correspondências entre o universo corporal e o universo espiritual, entre a Terra e o Céu.

O Livro dos mortos, dos antigos egípcios, permite-nos fazer uma ideia da Psicostasia, a pesagem (ou julgamento) das almas: nos pratos da balança, de um lado o vaso (significando o coração do morto), e de outro, a pluma de avestruz (significando a justiça e a verdade). A balança simboliza a justiça, o peso comparado dos atos e das obrigações.

A Deusa Themis. Fonte: Never Yet Melted.

O equilíbrio simbolizado pela balança indica um retorno à unidade; i.e., à não-manifestação, porque tudo aquilo que é manifestado está sujeito à dualidade e às oposições. O equilíbrio realizado pelos pratos fixados um diante do outro, portanto, significa uma posição para além dos conflitos, que pertencem ao tempo-espaço, à matéria. É a partir do centro da balança e da fixidez do ponteiro que as oposições podem ser encaradas como aspectos complementares.

Ao entrar neste signo, o Sol está no ponto intermediário do ano astronômico. Sua passagem do hemisfério Norte ao hemisfério Sul marca o equilíbrio entre o edifício construído e as forças que lhe preparam a ruína, assim como o equilíbrio entre os dias e as noites. É representado por uma balança, com seu travessão e seus dois pratos. Esse ponto do justo meio, em torno do qual tudo oscila, é testemunho do balanceamento entre o crepúsculo de um outono exterior e a aurora de uma primavera interior. Nesse ponto central, em que se igualam as distâncias entre os dois pratos do motor e do freio, do impulso e da contenção, da espontaneidade e da reflexão, do abandono e do medo, da atração e do recuo diante da vida, vemos sobretudo uma neutralização das forças contrárias. Dele surge um mundo da média, da medida, dos semitons, das cores suaves, dos matizes. É um universo de refinamento o que vemos apresentar-se na simbólica do elemento Ar, de natureza sutil. O meio aéreo da Balança significa, em relação ao de Gêmeos, o mesmo que o lugar do coração significa para o do espírito. O ego contrapõe-se, nesse caso, a um outro que é diferente de si mas de igual valor, introduzindo o diálogo afetivo do tu e eu. O signo das Festas galantes, aliás, é colocado sob a regência de Vênus, a cuja assistência Saturno traz uma nota de desprendimento e de espiritualização. Trata-se da Vênus Afrodite das rosas de outono, deusa da beleza ideal, da graça da alma, das Núpcias sagradas; e, igualmente, a das serenatas e minuetos.

A Espada como símbolo

Em primeiro lugar, a espada é o símbolo do estado militar e de sua virtude, a bravura, bem como de sua função, o poderio. O poderio tem um duplo aspecto: o destruidor (embora essa destruição possa aplicar-se contra a injustiça, a maleficência e a ignorância e, por causa disso, tornar-se positiva); e o construtor, pois estabelece e mantém a paz e a justiça. Quando associada à balança, ela se relaciona mais especialmente à justiça: separa o bem do mal, golpeia o culpado.

Símbolo guerreiro, a espada é também o símbolo da guerra santa. Antes de mais nada, a guerra santa é uma guerra interior, e esta pode ser igualmente a significação da espada trazida pelo Cristo. Além do mais – sob seu duplo aspecto destruidor e criador –, ela é um símbolo do Verbo, da Palavra.

A espada é também um símbolo axial e polar: este é o caso da espada que se identifica ao eixo da balança. Na China, a espada, símbolo do poder imperial, era a arma do Centro; entre os citas, o eixo do mundo e a atividade celeste eram representados por uma espada fincada no cume de uma montanha. Aliás, a ideia de que a espada fincada na terra possa produzir uma fonte não deixa de estar relacionada com a atividade produtora do Céu.

Às vezes, a espada designa a palavra e a eloquência, pois a língua, assim como a espada, tem dois gumes.

Dicionário de Símbolos, C. & G.

Alisson Batista

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