O julgamento de Paris, de Rubens. Fonte: ABCGallery.com. |
A
Justiça como símbolo
A espada e a balança são os atributos tradicionais da
Justiça: a balança, semelhante àquela que a simples pena de Maat bastava para
equilibrar no tribunal de Osíris, está aqui perfeitamente imóvel. A espada,
direita e implacável, como o fiel da balança, servirá para punir os maus. Já se
observou, a esse propósito, que a espada e a balança são também os símbolos das
duas maneiras pelas quais, segundo Aristóteles, se pode ver a Justiça. A espada
representa seu poder distributivo (Justitia suum cuique tribuit); a balança.
sua missão de equilíbrio (social).
A Justiça ou Têmis ou a Balança representa a vida
eterna, o equilíbrio das forças desencadeadas, as correntes antagonistas, a
consequência dos atos, o direito e a propriedade, a lei, a disciplina, a
adaptação às necessidades da economia.
Essa Justiça, cujo número simbólico é precisamente
oito, é a nossa consciência no sentido mais elevado. Para aqueles que fizeram
mau uso dos seus poderes só cabe a espada e a condenação; para os verdadeiros
iniciados, a balança mantém o equilíbrio, esse equilíbrio rigoroso que é a lei
da organização do caos no mundo e em nós mesmos.
O Justo
O justo dá a cada coisa o lugar que lhe compete.
Ordena na medida certa. Da mesma forma, responde à sua função criadora ou
organizadora.
O justo cumpre em si mesmo a função da balança,
quando os dois pratos se equilibram perfeitamente, face a face. O justo se
encontra, portanto, além das oposições e dos contrários, realiza em si a
unidade e, por isso, pertence já, de certo modo, à eternidade, que é una e
total, ignorando a fragmentação do tempo. Ele pensa e age com peso, ordem e
medida.
Se o justo simboliza o homem perfeito, naquilo em que
ele semelha um demiurgo organizador – que põe ordem, primeiro em si, depois em
torno de si –, seu papel é o de uma verdadeira potência cósmica.
O Tribunal de Osíris. Fonte: McGill blogs. |
O Azul
como símbolo
O azul é a
mais fria das cores e, em seu valor absoluto, a mais pura, à exceção do vazio
total do branco neutro. O conjunto de suas aplicações simbólicas depende dessas
qualidades fundamentais.
Domínio, ou
antes, imóvel, o azul resolve em si mesmo as contradições, as alternâncias –
tal como a do dia e da noite – que dão ritmo à vida humana. Impávido,
indiferente, não estando em nenhum outro lugar a não ser em si mesmo.
O azul
sugere uma ideia de eternidade tranquila e altaneira. Em seu uso clínico, um
ambiente azul acalma e tranquiliza, ao passo que a profundidade do azul tem uma
gravidade solene, supraterrena. Essa gravidade evoca a ideia da morte: as
paredes das necrópoles egípcias, sobre as quais se destacavam, em ocre e
vermelho, as cenas de julgamentos das almas, eram geralmente revestidas de um
reboco azul-claro.
Já se
disse, também, que os egípcios consideravam o azul como a cor da Verdade. A
Verdade, a Morte e os Deuses andam sempre juntos e é por isso que o
azul-celeste é também o limiar que separa os homens daqueles que governam, do
Além, seu destino.
Esse azul
sacralizado – o azul-celeste – é o campo elísio, o útero através do qual abre
seu caminho a luz de ouro que exprime a vontade dos deuses: Azul-Celeste e
Ouro, valores respectivamente feminino e masculino que significam para o
(símbolo) uraniano, o mesmo que o verde escuro e o vermelho brilhante na
heráldica.
O azul manifesta as hierogamias ou as
rivalidades entre o céu e a terra.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Alisson
Batista
LEIA TAMBÉM:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você pode construir ou destruir com o uso da palavra. Pense em sua responsabilidade individual ao utilizá-la.