(I)
O
ciclo diurno de Vênus, que aparece alternadamente no oriente e no ocidente
(estrela da manhã e estrela da tarde), faz dele um símbolo essencial da morte e
do renascimento.
Para
os sumerianos, Vênus era aquela que indica o caminho às estrelas. Deusa da
tarde, favorecia o amor e a volúpia; deusa da manhã, presidia aos atos de
guerra e de massacre. Era filha da Lua e irmã do Sol.
Enquanto
deusa do amor, rainha dos prazeres, também chamada de aquela que ama o gozo e a
alegria, seu culto associava-se às prostituições sagradas.
Em
um texto litúrgico babilônico, ela é qualificada de dama dos destinos e de
rainha das sortes.
(II)
O
planeta Vênus encarna a atração instintiva, o sentimento, o amor, a simpatia, a
harmonia e a doçura. É o astro da arte e da acuidade sensorial, do prazer e do
divertimento, e a Idade Média a apelidou de o pequeno benéfico. O sentido do tato
lhe é atribuído, assim como todas as manifestações da feminilidade (luxo, moda,
enfeites, etc.).
Desde
as eras mais primitivas, Vênus foi a estrela das doces confidências; a primeira
das belezas celestes inspirava os apaixonados com a impressão direta que o
suave brilho do astro produz na alma contemplativa. Vênus está ligada às
ligações de atração voluptuosa e de amor.
Esse
mundo venusiano do ser humano agrupa uma sinergia afetiva de sensações, de
sentimentos e sensualidade.
Não
há quem possa rivalizar com Afrodite, protetora do hímen e exemplo típico de
beleza feminina. Sob o seu símbolo, reina no ser humano a alegria de viver, na
festa primaveril da embriaguez dos sentidos e no mais refinado e
espiritualizado prazer da estética.
O
reino de Afrodite – Vênus – é o da ternura e das carícias, do desejo amoroso e
da fusão sensual, da admiração feliz, da doçura, da bondade, do prazer e da
beleza. É o reino daquela paz de coração que chamamos de felicidade.
Venus de Arles. Fonte: Museu do Louvre. |
(III)
Antes mesmo
de chegar a falar de Vênus, é legal passar pela origem de Afrodite, a “Vênus
grega”.
Afrodite
tem a sua origem, ou uma delas, no corte dos genitais de Urano, descrita desta
forma por Hesíodo: Uma espuma branca
desprendeu-se da carne imortal, envolvendo-a completamente. E dessa espuma
criou-se uma virgem.
A virgem (Afrodite)
foi à Ilha de Citera e depois à Ilha de Chipre, onde se tornou uma das
principais divindades cultuadas na ilha, local em que minas de cobre foram
largamente exploradas durante a Idade do Bronze – evidenciando a associação que
o metal tem com a divindade.
Ali
pisou a terra uma deusa bela e sensual. A cada um de seus passos a relva
crescia sob os formosos pés, e deuses e homens chamaram-na Afrodite, pois
surgiu dentre a espuma.
Afrodite
nasceu e se encaminhou, na companhia de Eros, para a morada dos deuses, e o que
lhe coube entre os homens e os deuses imortais foram os sussurros das jovens,
os sorrisos e os enganos, o doce prazer, o amor e a ternura.
Já no século II d.C., Vênus aparece assimilada
completamente à Afrodite dos gregos. Esta divindade latina antiquíssima já
era cultuada antes mesmo da fundação de Roma, mas com o passar do tempo a
semelhança entre a Vênus romana e a Afrodite grega passa pelos atributos de
beleza, amor, sexo, fertilidade e prosperidade.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
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