O deus grego Zeus. Fonte: Greek islands. |
O símbolo
Zeus
Depois dos reinos de Urano e de Cronos, de quem
descende, Zeus simboliza o reino do espírito. É o organizador do mundo exterior
e interior; é dele que depende a regularidade das leis físicas, sociais,
morais. Ele é, segundo Mircea Eliade, o arquétipo do chefe da família patriarcal.
Deus da luz, é o soberano pai dos deuses e dos homens
(Homero); a partir da terceira geração mitológica, segundo Hesíodo, é ele quem
preside a todas as manifestações do Céu. Zeus é o éter, Zeus é a terra, Zeus é o
céu. Sim, Zeus é tudo o que há acima de tudo.
Lançando o relâmpago, simboliza o espírito e o
esclarecimento da inteligência humana, o pensamento iluminador e a intuição
enviada pela divindade: é a fonte da verdade. Desencadeando o raio, simboliza a
cólera de Deus, a punição, o castigo, a autoridade ultrajada: é o justiceiro.
A psicologia moderna denunciou em certas atitudes de
liderança o que podemos chamar de complexo de Zeus. É uma tendência a monopolizar a autoridade e a destruir tudo o que
possa parecer no outro uma manifestação de autonomia, seja ela a mais razoável
e promissora. Esse complexo trai as raízes de um sentimento evidente de
inferioridade intelectual e moral, e a necessidade de uma compensação social através
de explosões autoritárias, assim como o medo de não ver os seus direitos e
dignidade respeitados como merecem, daí a suscetibilidade extrema e as iras
calculadas de Zeus. Essas atitudes mostram a força persistente de uma mitologia
tradicional que se opõe às novas tendências da direção de empresas, da
comunicação leal e fecunda entre os departamentos e as pessoas associadas no
mesmo trabalho, da formação em profundidade, e que resulta ela própria numa
contradição e em decisões insensatas. O excesso de autoridade trai uma falha de
razão.
Para falar de Zeus enquanto símbolo de autocratismo: o mito de Zeus é o do líder nato, do qual
advêm todo poder e a justificação de todo autocratismo e que reveste as formas
diversas do pai, do mestre, do professor, do chefe, do patrão, do proprietário,
do juiz, do marido, do ser que detém o segredo e de quem depende a iniciativa
em todas as coisas.
É verdade que a autocracia é a exata antítese da
autonomia. Também é verdade que nada que não seja autônomo é propriamente
humano. Tudo o que procede de um princípio que aliena o homem, ao invés de
dirigir-se à fonte de sua autonomia só pode, portanto, provocar uma adesão
superficial e provisória e não uma modificação profunda e durável. Ora, Zeus
tornou-se escravo de sua própria onipotência. Se ninguém pode fazer nada de bom
sem ele, ei-lo condenado a tudo fazer sozinho. Fora de sua influência tudo é
desordem e caos, pelo menos aos seus olhos.
Guardadas as proporções, esta é a situação
contraditória do empresário diante da crescente extensão e complicação de suas
responsabilidades. Se seguir os métodos autocráticos será prisioneiro dos
estreitos limites de uma empresa, só à altura de suas forças. Se, pelo
contrário, quiser adaptar-se às dimensões e às estruturas da segunda fase da
era industrial, será obrigado a ver multiplicarem-se outros seres autônomos,
tão preocupados quanto ele com a convergência de seus interesses pessoais e os
da empresa, que se tornarão capazes intelectual e afetivamente de cumprir uma
função eficaz numa estrutura evolutiva.
O mito de Zeus, na medida em que ainda inspira as
relações humanas, é pior do que um anacronismo, é uma mistificação; é o
antagonismo do futuro.
O símbolo
Júpiter
Deus supremo dos romanos, correponde ao Zeus dos
gregos. É apresentado como a divindade do céu, da luz diurna, do tempo que faz,
e também do raio e do trovão... poder soberano, presidente do conselho dos
deuses, aquele de quem emana toda autoridade. Júpiter simboliza a ordem
autoritária, imposta do exterior. Seguro do seu direito e do seu poder de
decisão, não busca nem diálogo nem persuasão: troveja.
Por seu tamanho e situação, o planeta que leva o nome
de Júpiter ocupa o centro dos astros que giram em torno do Sol. É precedido por
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte e pelos asteróides, e seguido pelo mesmo número
de corpos celestes: Saturno, Urano, Netuno, Plutão e os planetas
transplutonianos.
Em analogia com esse lugar de eleição, Júpiter
encarna, na astrologia, o princípio de equilíbrio, de autoridade, de ordem, de
estabilidade no progresso, de abundância, de preservação da hierarquia
estabelecida. É o planeta da legalidade social, da riqueza, do otimismo e da
confiança. Os antigos lhe deram o nome de grande benfeitor. Ele governa, no Zodíaco, Sagitário, signo da justiça, e Peixes, signo
da filantropia.
É o mais volumoso de todos os planetas. Gira com
majestade em torno de seu eixo vertical, arrastando em seu curso o cortejo de
numerosos satélites. Por si só, um espetáculo para o observador da abóboda
celeste, o planeta Júpiter se impõe tanto quanto o próprio Zeus, senhor do Olimpo,
e não teve dificuldade em conseguir a adesão dos astrólogos. Se Zeus foi
amamentado pela cabra Amaltéia e se tem como atributo a cornucópia; se é o
soberano ordenador e o distribuidor das graças e dons para todos os homens,
Júpiter se encarna na hora crepuscular em que o bebê sorve o leite maternal e
faz o aprendizado da manifestação dos seus instintos.
Também a condição jupiteriana do ser humano
inscreve-se ao longo de uma série contínua que acumula as aquisições,
vantagens, proveitos, benefícios e os favores destinados a satisfazer seu
apetite de consumidor, seu instinto de proprietário, sua instalação terrestre,
quer se trate de ter quer de ser alguém. Esse esquema, sempre a repetir-se, de
enriquecimento vital, inseparável do estado de voracidade, de confiança, de
generosidade, de otimismo, de altruísmo, de paz e de felicidade, contribui para
alimentar a saúde e para amadurecer a evolução dos seres, feitos para uma
sociedade mais feliz sob o regime e as leis dos princípios morais e onde cada
um pode mais livremente ter acesso à plenitude de seus meios, bem como ao
controle de seus poderes.
Dicionário de Símbolos, J. C. & A. G.
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