quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O ESPAÇO DO SIGNO DE AQUÁRIO I


A Constelação de Aquário. Fonte: Mexican Skies.


Hoje às 21h 49min (hora de brasília) termina mais uma fase da jornada solar em torno do zodíaco – a fase do signo de Aquário.

O Aguadeiro – figura associada ao signo de Aquário – se fez presente nesse período. Bem diferente do mês de janeiro, tivemos chuva! Chuva fraca, chuva forte, chuva fina, granizo, chuva, chuva, chuva – e uma baixa na temperatura média.

Diante da cor cinza, que é ligada a esse signo, e do céu nublado e cinza da quarta-feira de cinzas, daremos sequência à série de resumos e fragmentos de mitos, símbolos, imagens e palavras. A intenção é a mesma: sugerir a atmosfera de cada uma das doze estações que completam o ciclo zodiacal.

O primeiro material será sobre o símbolo de Aquário e sobre o símbolo da Água. Logo depois, teremos vários aspectos de Urano, fragmentos sobre o planeta, sobre o símbolo, além de mito e lenda.

Mais adiante trataremos de objetos associados à simbologia do signo de Aquário, tais como: a urna, o vaso e a taça. E além de objetos, haverá também algo sobre o simbolismo da cor gris (cinza) e do Homem, fatores também relacionados ao signo.

E por fim veremos o conjunto Aquário de uma perspectiva mais filosófica que, como já é de costume, encerra esta estação com as palavras de Dane Rudhyar.

Tomara que gostem!



O símbolo Aquário

Este décimo primeiro signo do Zodíaco situa-se, no hemisfério norte, no meio do trimestre de inverno. Simboliza a solidariedade coletiva, a cooperação, a fraternidade e o desapego das coisas materiais. Seu regente tradicional é Saturno, ao qual acrescentou-se Urano, após a sua descoberta.

A figura representativa do décimo primeiro signo apresenta a nobre aparição de um ser humano realizado, sob os traços de um velho sábio carregando debaixo do braço ou nas costas uma ou duas ânforas; essas urnas inclinadas derramam a água que contêm. Mas essa água é toda aérea e etérea, pois o caráter fluido do ar tem tanta participação quanto a natureza mole e relaxada da água. O meio aqui invocado é relacionável às águas do ar espalhadas pelas ondas, ao fluido do oceano aéreo em que estamos imersos.

Esse signo de Ar com ressonâncias aquáticas mostra uma substância nutritiva mais destinada a saciar a alma do que o corpo; e, enquanto o ar de Gêmeos evoca a comunhão do espírito, e o de Libra, o diálogo do coração, o de Aquário indica o mundo das afinidades eletivas, que fazem de nós seres vivendo numa comunidade espiritual e em plena esfera universal.

O signo foi relacionado a Saturno, pois o astro solta o ser de suas correntes instintivas e libera as forças espirituais visando ao despojamento. Como regente também lhe é conferido Urano, que novamente mobiliza o ser liberado no fogo da força de Prometeu, visando a superar-se. Diante do Leão hercúleo, temos o Aquário seráfico. A matéria íntima desse tipo zodiacal é fluida, leve, etérea, volátil, transparente, toda de limpidez espiritual, quer dizer, angélica. Supõe o dom do autodesapego acompanhado de serenidade e o dom do self aliado ao altruísmo, ao senso de amizade, de dedicação social.

Há também um Aquário uraniano, de Prometeu, que é o ser da avant-garde, do progresso, da emancipação, da aventura.


O símbolo da Água

Se as águas precedem a criação, é evidente que elas continuam presentes para a recriação. Ao homem novo corresponde a aparição de um outro mundo.

A água viva, a água da vida se apresenta como um símbolo cosmogônico. E porque ela cura, purifica e rejuvenesce, conduz ao eterno.

O dualismo

A água pode destruir e engolir, as borrascas destroem as vinhas em flor. Assim, a água também comporta um poder maléfico. Nesse caso, ela pune os pecadores, mas não atinge os justos: estes nada têm a temer das grandes águas.

Símbolo da dualidade do alto e do baixo: água de chuva – água do mar. A primeira é pura; a segunda, salgada. Símbolo de vida: pura, ela é criadora e purificadora; amarga, ela produz a maldição.

Os rios podem ser correntes benéficas ou dar abrigo a monstros. As águas agitadas significam o mal, a desordem. As águas calmas significam a paz e a ordem.

De um ponto de vista cosmogônico, a água recobre dois complexos simbólicos antitéticos, que é preciso não confundir: a água descendente e celeste, a Chuva, é uma semente uraniana que vem fecundar a terra; masculina, portanto, e associada ao fogo do céu. Já a água primeira, a água nascente, que brota da terra e da aurora branca, é feminina: a terra está aqui associada à Lua, como um símbolo de fecundidade completa e acabada, terra grávida, de onde a água sai para que, desencadeada a fecundação, a germinação se faça.

A água-plasma, feminina, a água doce, a água lacustre, a água estagnada e a do oceano, escumante, fecundante, masculina, são cuidadosamente diferenciadas na Teogonia de Hesíodo: a terra engendra em primeiro lugar, sem gozar prazer com isso, Ponto, o mar estéril. Depois, unindo-se a seu filho Urano, ela dá o oceano de abismos imensos: a Terra gerou o mar infecundo, com suas tumefações furiosas. Demasias de água, sem a ajuda do terno amor. Mas depois dos embates com o Céu ela gerou Oceano, o dos turbilhões profundos. A distinção entre a água estéril e a água fecundante está intimamente unida, segundo Hesíodo, à intervenção do amor.


Algumas tradições

No folclore judaico, a separação feita por Deus, quando da criação das águas superiores e inferiores, designa a partilha das águas masculinas e femininas, simbolizando a segurança e a insegurança, o masculino e o feminino, o que se liga, como já foi dito, a um simbolismo universal.

O Corão designa a água-benta que cai do céu como um dos signos divinos. Os Jardins do Paraíso têm arroios de águas vivas e fontes. O próprio homem foi criado de uma água que se difundiu.

Falando da Teofania eterna, Rumi diz que o mar se cobriu de espuma; e a cada floco de espuma, alguma coisa tomava forma, alguma coisa tomava corpo.

Num sentido mais metafísico, Rumi simboliza o Fundamento divino do universo por um oceano, do qual a água é a essência divina. Ela permeia toda a criação, e as vagas são criaturas suas.

Em todas as outras tradições do mundo, a água desempenha igualmente papel primordial, que se articula em torno dos três temas já definidos acima, mas com uma insistência particular nas origens.

A água, semente (esperma) divina, de cor verde também, fecunda a terra para dar os Heróis, os Gêmeos, na cosmogonia dos dogons. Esses gêmeos vêm ao mundo, homens até os rins e serpentes daí para baixo. São de cor verde também.

Mas o símbolo da água, força vital fecundante, vai mais longe ainda no pensamento dos dogons e de seus vizinhos, os bambaras. Porque a água – ou o sêmem divino – é também a luz, a palavra, o verbo gerador, cujo principal avatar mítico é a espiral de cobre vermelho.

A água seca

Água e palavra não se fazem ato e manifestação, acarretanto a criação do mundo, senão sob a forma de palavra úmida, à qual se opõe uma metade gêmea, que permanece fora do ciclo da vida manifestada, chamada pelos dogons e pelos bambaras água seca e palavra seca. Água seca e palavra seca exprimem o pensamento, i.e., a potencialidade, tanto no plano humano quanto no plano divino.

Toda água era seca, antes que se formasse o ovo cósmico, no interior do qual nasceu o princípio de umidade, base da gênese do mundo. Mas o Deus supremo uraniano, Amma, quando criou seu duplo, Nommo, Deus de água úmida, guia e princípio da vida manifestada, conservou com relação a ele, nos céus superiores, fora dos limites que deu ao universo, a metade das suas águas primeiras, que permanecem como águas secas. Da mesma forma, a palavra que não se expressa, o pensamento, é dita palavra seca. Não tem senão valor potencial, não pode engendrar.

No microcosmo humano, ela é a replica do pensamento primordial, a primeira palavra que foi roubada a Amma pelo gênio Yurugu, antes do advento dos homens atuais.

Para D. Zahan, essa palavra primeira, palavra indiferenciada, sem consciência de si mesma, corresponde ao inconsciente; é a palavra do sonho, aquela sobre a qual os humanos não têm poder. O chacal, ou a raposa pálida, avatar de Yurugu, tendo furtado a primeira palavra, possui, então, a chave do inconsciente, do invisível, e, em consequência, do futuro, que não é senão o componente temporal do invisível. Essa a razão pela qual o mais importante sistema divinatório dos dogons está fundado na interrogação desse animal.

Dicionário de Símbolos, J. C. & A. G.

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