A Constelação de Aquário. Fonte: Mexican Skies. |
Hoje às 21h
49min (hora de brasília) termina mais uma fase da jornada solar em torno do
zodíaco – a fase do signo de Aquário.
O Aguadeiro
– figura associada ao signo de Aquário – se fez presente nesse período. Bem
diferente do mês de janeiro, tivemos chuva! Chuva fraca, chuva forte, chuva
fina, granizo, chuva, chuva, chuva – e uma baixa na temperatura média.
Diante da
cor cinza, que é ligada a esse signo, e do céu nublado e cinza da quarta-feira
de cinzas, daremos sequência à série de resumos e fragmentos de mitos,
símbolos, imagens e palavras. A intenção é a mesma: sugerir a atmosfera de cada
uma das doze estações que completam o ciclo zodiacal.
O primeiro
material será sobre o símbolo de Aquário e sobre o símbolo da Água. Logo
depois, teremos vários aspectos de Urano, fragmentos sobre o planeta, sobre o símbolo,
além de mito e lenda.
Mais
adiante trataremos de objetos associados à simbologia do signo de Aquário, tais
como: a urna, o vaso e a taça. E além de objetos, haverá também algo sobre o
simbolismo da cor gris (cinza) e do Homem, fatores também relacionados ao
signo.
E por fim
veremos o conjunto Aquário de uma perspectiva mais filosófica que, como já é de
costume, encerra esta estação com as palavras de Dane Rudhyar.
Tomara
que gostem!
O
símbolo Aquário
Este décimo primeiro signo do Zodíaco situa-se, no
hemisfério norte, no meio do trimestre de inverno. Simboliza a solidariedade
coletiva, a cooperação, a fraternidade e o desapego das coisas materiais. Seu regente tradicional é Saturno, ao qual
acrescentou-se Urano, após a sua descoberta.
A figura representativa do décimo primeiro signo
apresenta a nobre aparição de um ser humano realizado, sob os traços de um
velho sábio carregando debaixo do braço ou nas costas uma ou duas ânforas; essas
urnas inclinadas derramam a água que contêm. Mas essa água é toda aérea e
etérea, pois o caráter fluido do ar tem tanta participação quanto a natureza
mole e relaxada da água. O meio aqui invocado é relacionável às águas do ar
espalhadas pelas ondas, ao fluido do oceano aéreo em que estamos imersos.
Esse signo de Ar com ressonâncias aquáticas mostra
uma substância nutritiva mais destinada a saciar a alma do que o corpo; e,
enquanto o ar de Gêmeos evoca a comunhão do espírito, e o de Libra, o diálogo
do coração, o de Aquário indica o mundo das afinidades eletivas, que fazem de
nós seres vivendo numa comunidade espiritual e em plena esfera universal.
O signo foi relacionado a Saturno, pois o astro solta
o ser de suas correntes instintivas e libera as forças espirituais visando ao
despojamento. Como regente também lhe é conferido Urano, que novamente mobiliza
o ser liberado no fogo da força de Prometeu, visando a superar-se. Diante do
Leão hercúleo, temos o Aquário seráfico. A matéria íntima desse tipo zodiacal é
fluida, leve, etérea, volátil, transparente, toda de limpidez espiritual, quer
dizer, angélica. Supõe o dom do autodesapego acompanhado de serenidade e o dom
do self aliado ao
altruísmo, ao senso de amizade, de dedicação social.
Há também um Aquário uraniano, de Prometeu, que é o
ser da avant-garde, do
progresso, da emancipação, da aventura.
O
símbolo da Água
Se as águas precedem a criação, é evidente que elas
continuam presentes para a recriação. Ao homem novo corresponde a aparição de
um outro mundo.
A água viva, a água da vida se apresenta como um
símbolo cosmogônico. E porque ela cura, purifica e rejuvenesce, conduz ao
eterno.
O dualismo
A água pode destruir e engolir, as borrascas destroem
as vinhas em flor. Assim, a água também comporta um poder maléfico. Nesse caso,
ela pune os pecadores, mas não atinge os justos: estes nada têm a temer das
grandes águas.
Símbolo da dualidade do alto e do baixo: água de
chuva – água do mar. A primeira é pura; a segunda, salgada. Símbolo de vida: pura, ela é criadora e purificadora; amarga, ela
produz a maldição.
Os rios podem ser correntes benéficas ou dar abrigo a
monstros. As águas agitadas significam o mal, a desordem. As águas calmas
significam a paz e a ordem.
De um ponto de vista cosmogônico, a água recobre dois
complexos simbólicos antitéticos, que é preciso não confundir: a água descendente e celeste, a Chuva, é uma semente uraniana
que vem fecundar a terra; masculina, portanto, e associada ao fogo do céu. Já a
água primeira, a
água nascente, que
brota da terra e da aurora branca, é feminina: a terra está aqui associada à
Lua, como um símbolo de fecundidade completa e acabada, terra grávida, de onde
a água sai para que, desencadeada a fecundação, a germinação se faça.
A água-plasma, feminina, a água doce, a água
lacustre, a água estagnada e a do oceano, escumante, fecundante, masculina, são
cuidadosamente diferenciadas na Teogonia de Hesíodo: a terra engendra em primeiro lugar, sem gozar prazer
com isso, Ponto, o mar estéril. Depois,
unindo-se a seu filho Urano, ela dá o oceano de abismos imensos: a Terra
gerou o mar infecundo, com suas tumefações furiosas. Demasias de água, sem a
ajuda do terno amor. Mas depois dos embates com o Céu ela gerou Oceano, o dos
turbilhões profundos. A distinção entre a
água estéril e a água fecundante está intimamente unida, segundo Hesíodo, à
intervenção do amor.
Algumas tradições
No folclore judaico, a separação feita por Deus,
quando da criação das águas superiores e inferiores, designa a partilha das
águas masculinas e femininas, simbolizando a segurança e a insegurança, o
masculino e o feminino, o que se liga, como já foi dito, a um simbolismo
universal.
O Corão designa a água-benta que cai do céu como um
dos signos
divinos. Os Jardins do Paraíso têm arroios de águas vivas e fontes. O próprio
homem foi criado de uma água que se difundiu.
Falando da Teofania eterna, Rumi diz que o mar se cobriu de espuma; e a cada floco de espuma,
alguma coisa tomava forma, alguma coisa tomava corpo.
Num sentido mais metafísico, Rumi simboliza o
Fundamento divino do universo por um oceano, do qual a água é a essência
divina. Ela permeia toda a criação, e as vagas são criaturas suas.
Em todas as outras tradições do mundo, a água
desempenha igualmente papel primordial, que se articula em torno dos três temas
já definidos acima, mas com uma insistência particular nas origens.
A água, semente (esperma) divina, de cor verde
também, fecunda a terra para dar os Heróis, os Gêmeos, na cosmogonia dos
dogons. Esses gêmeos vêm ao mundo, homens até os rins e serpentes daí para
baixo. São de cor verde também.
Mas o símbolo da água, força vital fecundante, vai
mais longe ainda no pensamento dos dogons e de seus vizinhos, os bambaras.
Porque a água – ou o sêmem divino – é também a luz, a palavra, o verbo gerador, cujo principal avatar mítico é a espiral de cobre
vermelho.
A água seca
Água e palavra não se fazem ato e manifestação,
acarretanto a criação do mundo, senão sob a forma de palavra úmida, à qual se
opõe uma metade gêmea, que permanece fora do ciclo da vida manifestada, chamada
pelos dogons e pelos bambaras água seca e palavra seca. Água seca e
palavra seca exprimem o pensamento, i.e., a potencialidade, tanto no plano
humano quanto no plano divino.
Toda água era seca, antes que se formasse o ovo
cósmico, no interior do qual nasceu o princípio de umidade, base da gênese do
mundo. Mas o Deus supremo uraniano, Amma, quando criou seu duplo, Nommo, Deus
de água úmida, guia e princípio da vida manifestada, conservou com relação a
ele, nos céus superiores, fora dos limites que deu ao universo, a metade das
suas águas primeiras, que permanecem como águas secas. Da mesma forma, a palavra que não se expressa, o pensamento, é dita palavra
seca. Não tem senão valor potencial, não
pode engendrar.
No microcosmo humano, ela é a replica do pensamento
primordial, a primeira palavra
que foi roubada a Amma pelo gênio Yurugu, antes do advento dos homens atuais.
Para D. Zahan, essa palavra primeira, palavra
indiferenciada, sem consciência de si mesma,
corresponde ao inconsciente; é a palavra do sonho, aquela sobre a qual os
humanos não têm poder. O chacal, ou a raposa pálida, avatar de Yurugu, tendo
furtado a primeira palavra, possui, então, a chave do inconsciente, do
invisível, e, em consequência, do futuro, que não é senão o componente temporal
do invisível. Essa a razão pela qual o mais importante sistema divinatório dos
dogons está fundado na interrogação desse animal.
Dicionário de Símbolos, J. C. & A. G.
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