segunda-feira, 19 de maio de 2014

O PESO DO SIGNO DE TOURO (VI)




A cor e a rosa

Famosa por sua beleza, sua forma e seu perfume, a rosa é a flor simbólica mais empregada no Ocidente.

O aspecto mais geral deste simbolismo floral é o da manifestação, oriunda das águas primordiais, sobre as quais se eleva e desabrocha. Simboliza a taça de vida, a alma, o coração, o amor.

A rosa e a cor rosa constituiriam um símbolo de regeneração em virtude do parentesco semântico do latim rosa com ros, a chuva, o orvalho.

A roseira é a imagem do regenerado assim como o orvalho é o símbolo da regeneração. As roseiras eram consagradas a Afrodite, bem como a Atena.

Entre os gregos, a rosa era uma flor branca, mas, quando Adônis, protegido de Afrodite, foi ferido de morte, a deusa correu para socorrê-lo, se picou num espinho, e o sangue coloriu as rosas que lhe eram consagradas.

É este simbolismo de regeneração que faz com que, desde a Antiguidade, se coloquem rosas sobre as tumbas: "os antigos... chamavam esta cerimônia de 'rosalia'; todos os anos, no mês de maio, ofereciam aos manes dos defuntos arranjos de rosas".

Na mistura de branco e vermelho, encontram-se estes dois elementos componentes da cor rosa, o vermelho e o branco, com seu valor simbólico tradicional, em todos os planos, do profano ao sagrado, na diferença atribuída às oferendas de rosas brancas e de rosas vermelhas, assim como na diferença entre as noções de paixão e de pureza, e entre as de amor transcendente e de sabedoria divina.

A rosa – e porque não acrescentarmos a cor rosa – tornou-se um símbolo do amor e mais ainda do dom do amor, do amor puro...

Dicionário de Símbolos, C. & G.


Arco-íris em Vênus, AEE. Fonte: BBC Brasil.


Vênus

Antes mesmo de chegar a falar de Vênus, é legal passar pela origem de Afrodite, a “Vênus grega”.

Afrodite tem a sua origem, ou uma delas, no corte dos genitais de Urano, descrita desta forma por Hesíodo: Uma espuma branca desprendeu-se da carne imortal, envolvendo-a completamente. E dessa espuma criou-se uma virgem.

A virgem (Afrodite) foi à Ilha de Citera e depois à Ilha de Chipre, onde se tornou uma das principais divindades cultuadas na ilha, local em que minas de cobre foram largamente exploradas durante a Idade do Bronze – evidenciando a associação que o metal tem com a divindade.

Ali pisou a terra uma deusa bela e sensual. A cada um de seus passos a relva crescia sob os formosos pés, e deuses e homens chamaram-na Afrodite, pois surgiu dentre a espuma.

Afrodite nasceu e se encaminhou, na companhia de Eros, para a morada dos deuses, e o que lhe coube entre os homens e os deuses imortais foram os sussurros das jovens, os sorrisos e os enganos, o doce prazer, o amor e a ternura.

Já no século II d.C., Vênus aparece assimilada completamente à Afrodite dos gregos. Esta divindade latina antiquíssima já era cultuada antes mesmo da fundação de Roma, mas com o passar do tempo a semelhança entre a Vênus romana e a Afrodite grega passa pelos atributos de beleza, amor, sexo, fertilidade e prosperidade.

Com Afrodite a questão do prazer é bem evidenciada, mas com Vênus há um caso em que salta com maior insistência a questão da segurança, como no mito de Vênus e Adônis.

Vênus brincava com seu filho Cupido e, sem querer, feriu-se com uma das setas do menino. Bem, viu Adônis e se apaixonou completamente por ele. Não lhe interessava mais nada, nem seus próprios encantos – somente Adônis era motivo de preocupação.

Vênus adverte Adônis:

– “Sê bravo com os tímidos”;
– “Coragem para enfrentar os corajosos não é seguro”; e
– “Não te exponhas ao perigo para não arriscar a minha felicidade. Não ataque as feras que a Natureza armou. Não aprecio tanto a tua glória, que queira barganhá-la pela tua falta de segurança. Tua juventude e a beleza que encanta Vênus não tocarão o coração dos leões e dos rudes javalis...”.

Adônis era corajoso demais para ceder a esses conselhos. Lutou com um javali, foi atacado e morreu.

Vênus, em sua carruagem puxada por cisnes, não tinha ainda chegado a Chipre, quando ouviu chegados pelo ar os gemidos de seu amado e retornou com seus corcéis de asas brancas para a terra.

Vênus encontrou – com toda a sua brancura – o corpo de Adônis sem vida e ensanguentado. Ela bateu no peito e arrancou os próprios cabelos, como se arrancasse parte de si e de sua beleza.

A brancura de Vênus encontra o sangue vermelho de Adônis morto. E diz praguejando aos céus: “Teu sangue será mudado em uma flor; essa consolação ninguém poderá evitar”. E surge a flor chamada de Anêmona (ou Flor do Vento), pois é o vento que promove tanto o seu florescimento quanto a sua decadência.

Uma flor é o símbolo do amor de Vênus e Adônis, uma flor efêmera e leve como o vento, uma flor nascida da brancura das espumas e do vermelho do sangue da carne – uma flor Rosa.

Dicionário de Símbolos, C. & G.
Dicionário de Mitologia Grega e Romana, M.G.K.
Teogonia, H.
O Livro da Mitologia, T.B.

Alisson Batista

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