A cor e a rosa
Famosa por
sua beleza, sua forma e seu perfume, a rosa é a flor simbólica mais empregada
no Ocidente.
O aspecto
mais geral deste simbolismo floral é o da manifestação, oriunda das águas
primordiais, sobre as quais se eleva e desabrocha. Simboliza a taça de vida, a
alma, o coração, o amor.
A rosa e a
cor rosa constituiriam um símbolo de regeneração em virtude do parentesco
semântico do latim rosa com ros, a chuva, o orvalho.
A roseira
é a imagem do regenerado assim como o orvalho é o símbolo da
regeneração. As roseiras eram consagradas a Afrodite, bem como a Atena.
Entre os
gregos, a rosa era uma flor branca, mas, quando Adônis, protegido de Afrodite,
foi ferido de morte, a deusa correu para socorrê-lo, se picou num espinho, e o
sangue coloriu as rosas que lhe eram consagradas.
É este
simbolismo de regeneração que faz com que, desde a Antiguidade, se coloquem
rosas sobre as tumbas: "os antigos... chamavam esta cerimônia de
'rosalia'; todos os anos, no mês de maio, ofereciam aos manes dos defuntos
arranjos de rosas".
Na mistura
de branco e vermelho, encontram-se estes dois elementos componentes da cor
rosa, o vermelho e o branco, com seu valor simbólico tradicional, em todos os
planos, do profano ao sagrado, na diferença atribuída às oferendas de rosas brancas
e de rosas vermelhas, assim como na diferença entre as noções de paixão e de
pureza, e entre as de amor transcendente e de sabedoria divina.
A rosa – e
porque não acrescentarmos a cor rosa – tornou-se um símbolo do amor e mais
ainda do dom do amor, do amor puro...
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Arco-íris em Vênus, AEE. Fonte: BBC Brasil. |
Vênus
Antes mesmo
de chegar a falar de Vênus, é legal passar pela origem de Afrodite, a “Vênus
grega”.
Afrodite tem
a sua origem, ou uma delas, no corte dos genitais de Urano, descrita desta
forma por Hesíodo: Uma espuma branca
desprendeu-se da carne imortal, envolvendo-a completamente. E dessa espuma
criou-se uma virgem.
A virgem (Afrodite)
foi à Ilha de Citera e depois à Ilha de Chipre, onde se tornou uma das
principais divindades cultuadas na ilha, local em que minas de cobre foram largamente
exploradas durante a Idade do Bronze – evidenciando a associação que o metal tem
com a divindade.
Ali
pisou a terra uma deusa bela e sensual. A cada um de seus passos a relva
crescia sob os formosos pés, e deuses e homens chamaram-na Afrodite, pois surgiu
dentre a espuma.
Afrodite
nasceu e se encaminhou, na companhia de Eros, para a morada dos deuses, e o que
lhe coube entre os homens e os deuses imortais foram os sussurros das jovens,
os sorrisos e os enganos, o doce prazer, o amor e a ternura.
Já no século II d.C., Vênus aparece assimilada
completamente à Afrodite dos gregos. Esta divindade latina antiquíssima já
era cultuada antes mesmo da fundação de Roma, mas com o passar do tempo a
semelhança entre a Vênus romana e a Afrodite grega passa pelos atributos de beleza,
amor, sexo, fertilidade e prosperidade.
Com Afrodite
a questão do prazer é bem evidenciada, mas com Vênus há um caso em que salta
com maior insistência a questão da segurança, como no mito de Vênus e Adônis.
Vênus
brincava com seu filho Cupido e, sem querer, feriu-se com uma das setas do
menino. Bem, viu Adônis e se apaixonou completamente por ele. Não lhe
interessava mais nada, nem seus próprios encantos – somente Adônis era motivo
de preocupação.
Vênus
adverte Adônis:
– “Sê bravo
com os tímidos”;
– “Coragem
para enfrentar os corajosos não é seguro”; e
– “Não te
exponhas ao perigo para não arriscar a minha felicidade. Não ataque as
feras que a Natureza armou. Não aprecio tanto a tua glória, que queira barganhá-la
pela tua falta de segurança. Tua juventude e a beleza que encanta Vênus
não tocarão o coração dos leões e dos rudes javalis...”.
Adônis era
corajoso demais para ceder a esses conselhos. Lutou com um javali, foi atacado
e morreu.
Vênus,
em sua carruagem puxada por cisnes, não tinha ainda chegado a Chipre, quando
ouviu chegados pelo ar os gemidos de seu amado e retornou com seus corcéis de
asas brancas para a terra.
Vênus encontrou
– com toda a sua brancura – o corpo de Adônis sem vida e ensanguentado. Ela
bateu no peito e arrancou os próprios cabelos, como se arrancasse parte de si e
de sua beleza.
A brancura
de Vênus encontra o sangue vermelho de Adônis morto. E diz praguejando aos céus:
“Teu sangue será mudado em uma flor; essa consolação ninguém poderá evitar”.
E surge a flor chamada de Anêmona (ou
Flor do Vento), pois é o vento que promove tanto o seu florescimento
quanto a sua decadência.
Uma flor é
o símbolo do amor de Vênus e Adônis, uma flor efêmera e leve como o vento, uma flor nascida da brancura das
espumas e do vermelho do sangue da carne – uma flor Rosa.
Dicionário de Símbolos, C. & G.
Dicionário de Mitologia Grega e Romana,
M.G.K.
Teogonia, H.
O Livro da Mitologia, T.B.
Alisson
Batista
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